Entretanto, já no início do século passado, foi plenamente utilizado pelo compositor alemão Richard Strauss ao escrever, junto com o libretista Hugo von Hofmannsthal, uma de suas obras-primas, a ópera Ariadne em Naxos, que, este mês, estréia no Theatro Municipal de São Paulo.
O enredo é bastante simples: um homem rico de Viena contrata uma companhia lírica para encenar a história de Ariadne (a jovem grega que ajudou Teseu a matar o Minotauro e depois é, ingratamente, abandonada pelo herói na ilha de Naxos). Só que, para agradar a uma bela atriz de um grupo de comediantes que também está na cidade, o magnata exige que o compositor insira na ópera o texto cômico dessa trupe.
Essa mistura de mitologia com comédia, semideuses e humanos, fidelidade e traição e outros contrastes será explorada pelo diretor cênico André Heller-Lopes – também responsável pela cenografia, junto com Fabio Brando – na montagem do Municipal. “Ariadne é acima de tudo uma obra que fala de diversidade, de diferenças e de transformação”, afirma ele.
Por tratar-se, literalmente, de um “teatro dentro do teatro”, a obra de Strauss permite certas liberdades para o encenador, não importando a época ou local onde a ópera é apresentada. Foi o que Heller-Lopes fez ao embutir no espetáculo pequenas “homenagens” a figuras emblemáticas do passado e do presente do Theatro Municipal, como o Batucada, chefe de palco por muitos anos, e a chefe de cerimonial, Maria Rosa Sabatelli.
No elenco estão Eiko Senda e Andrea Ferreira (sopranos), Denise de Freitas (meio-soprano) e Marcello Vannucci (tenor). Os figurinos assinados por Marcelo Marques mesclam o luxo das confecções do século 18 com a alta costura contemporânea. A partitura é interpretada pela Orquestra Sinfônica Municipal, sob a regência de seu titular, o maestro José Maria Florêncio.
Serviço: Theatro Municipal de São Paulo. Praça Ramos de Azevedo, s/nº - Centro. Dia 17, 17h. Dias 19, 21 e 23, 20h30. R$ 20 a R$ 40. Dia 19, R$ 10 a R$ 20