Mesa-redonda discute futebol e literatura

José Miguel Wisnik, José Roberto Torero e Akins Kinte abordam, dia 29, na Biblioteca Alceu Amoroso Lima, os avanços e as peculiaridades das relações entre os temas

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“Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos.” A frase é de Nelson Rodrigues, um dos primeiros autores a incluir em sua obra a paixão pelo esporte mais popular do país. Com algumas mudanças ao longo dos anos, tanto na postura profissional dos jogadores como na linguagem menos formal dos escritores, os pontos que decidem um jogo e se transformam em narrativa são abordados, dia 29, na Biblioteca Pública Alceu Amoroso Lima, por José Miguel Wisnik, José Roberto Torero e Akins Kinte. O encontro tem mediação de Xico Sá, autor, colunista do jornal Folha de SP e comentarista esportivo do programa Cartão Verde, na TV Cultura.

Tema de maior alcance junto à população, o futebol não é conhecido por ser enredo de grandes obras literárias e poucas vezes é bem desenvolvido pelo cinema. Crônicas de Nelson Rodrigues publicadas no Jornal dos Sports e reunidas no livro À sombra das chuteiras imortais; e filmes como Boleiros, era uma vez o futebol, de Ugo Giorgetti, estão entre as principais referências do gênero. “Na literatura, não há nenhum grande romance, mas há bons textos curtos de Nelson, Drummond e Paulo Mendes Campos”, diz o escritor Torero. Também colunista esportivo e cineasta, ele mantém um blogue no qual reúne histórias de torcedores, palpites e crônicas sobre futebol.

Estabelecendo relações, a mesa-redonda discute as possibilidades de transformar realidade em ficção, sem comprometer o que o esporte desperta por si só nos torcedores. “O problema maior é que no Brasil todo mundo entende de futebol. Assim, fica muito difícil ‘ficcionar’ sobre o assunto”, conta Torero. Como exemplo, compara uma de suas obras com a vida do jogador Pelé. “Quando fiz meu primeiro livro, O chalaça, pude reescrever (com invenções e subtrações) a história da Independência do Brasil, já que poucas pessoas conhecem os detalhes desse momento. Mas não poderia fazer isso com a trajetória do time Flamengo ou de Pelé”, confessa.

Autor do livro Veneno remédio: o futebol e o Brasil, Wisnik fala sobre a linguagem não verbal que o esporte revela ao desmembrar, naturalmente, questões centrais da formação e identidade do brasileiro. Kinte, diretor do documentário Várzea, a bola rolada na beira do coração, completa a mesa.

Serviço: Biblioteca Pública Alceu Amoroso Lima. Av. Henrique Schaumann, 777 - Pinheiros. Zona Oeste. Tel. 3082-5023. Dia 29, 15h. Grátis

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“Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos.” A frase é de Nelson Rodrigues, um dos primeiros autores a incluir em sua obra a paixão pelo esporte mais popular do país. Com algumas mudanças ao longo dos anos, tanto na postura profissional dos jogadores como na linguagem menos formal dos escritores, os pontos que decidem um jogo e se transformam em narrativa são abordados, dia 29, na Biblioteca Pública Alceu Amoroso Lima, por José Miguel Wisnik, José Roberto Torero e Akins Kinte. O encontro tem mediação de Xico Sá, autor, colunista do jornal Folha de SP e comentarista esportivo do programa Cartão Verde, na TV Cultura.

Tema de maior alcance junto à população, o futebol não é conhecido por ser enredo de grandes obras literárias e poucas vezes é bem desenvolvido pelo cinema. Crônicas de Nelson Rodrigues publicadas no Jornal dos Sports e reunidas no livro À sombra das chuteiras imortais; e filmes como Boleiros, era uma vez o futebol, de Ugo Giorgetti, estão entre as principais referências do gênero. “Na literatura, não há nenhum grande romance, mas há bons textos curtos de Nelson, Drummond e Paulo Mendes Campos”, diz o escritor Torero. Também colunista esportivo e cineasta, ele mantém um blogue no qual reúne histórias de torcedores, palpites e crônicas sobre futebol.

Estabelecendo relações, a mesa-redonda discute as possibilidades de transformar realidade em ficção, sem comprometer o que o esporte desperta por si só nos torcedores. “O problema maior é que no Brasil todo mundo entende de futebol. Assim, fica muito difícil ‘ficcionar’ sobre o assunto”, conta Torero. Como exemplo, compara uma de suas obras com a vida do jogador Pelé. “Quando fiz meu primeiro livro, O chalaça, pude reescrever (com invenções e subtrações) a história da Independência do Brasil, já que poucas pessoas conhecem os detalhes desse momento. Mas não poderia fazer isso com a trajetória do time Flamengo ou de Pelé”, confessa.

Autor do livro Veneno remédio: o futebol e o Brasil, Wisnik fala sobre a linguagem não verbal que o esporte revela ao desmembrar, naturalmente, questões centrais da formação e identidade do brasileiro. Kinte, diretor do documentário Várzea, a bola rolada na beira do coração, completa a mesa.

Serviço: Biblioteca Pública Alceu Amoroso Lima. Av. Henrique Schaumann, 777 - Pinheiros. Zona Oeste. Tel. 3082-5023. Dia 29, 15h. Grátis