Explorando as diferenças existentes entre duas pessoas que estão em uma prisão, separadas por uma parede metafórica, o espetáculo A coleira de Bóris entra em cartaz, dia 7, no Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso.
Dois prisioneiros vindos de lugares distintos vivem uma longa e única noite, preenchida por diálogos secos e poéticos sobre o homem, a liberdade e o convívio social. Sem definir passado e futuro dos personagens, o texto de autoria de Sérgio Roveri ganhou direção de Marco Antonio Rodrigues, a convite do ator Nicolas Trevijano, idealizador do projeto.
A montagem expande as intenções iniciais do dramaturgo para uma reflexão sobre o isolamento e a cegueira voluntária a que determinadas pessoas se colocam ao se distanciarem de seu cotidiano. “Ao tirar o muro que, literalmente, separava os personagens no texto original, Rodrigues enriqueceu a encenação, possibilitando melhor interação e movimentação dos atores em cena”, revela Roveri.
Interpretado por Trevijano, o prisioneiro A, capturado há muitos anos, já não se lembra dos motivos que o levaram à prisão. Sem esperanças e amargo, ele ouve a chegada do prisioneiro B, vivido por Rafael Losso, que é atirado na cela ao lado sem saber as razões de sua detenção. Mais jovem e cheio de ilusões, esse personagem acredita em mudanças e traz em si o desejo de chegar a algum lugar, fora do confinamento. “A idéia do diretor gira em torno desses opostos: a acomodação de um e a inquietação do outro, antíteses que podem conviver em uma mesma pessoa”, conta Roveri.
A peça foi indicada a sete premiações, três delas no 21º Prêmio Shell de Teatro de São Paulo: melhor autor, diretor e iluminação (Carlos Gaúcho).
Serviço: Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso – Anfiteatro. Zona Norte. De 7 a 22. Sáb., 20h. Dom., 18h30. Grátis