Dois corpos andróginos complementados por objetos cênicos, como uma faca, dois travesseiros e chá de jasmim, expressam-se por meio de gestos e inquietações que habitam o silêncio. É essa a ambientação de Sem notícias de ti, mon cher, espetáculo criado e interpretado por Maíra Silvestre e Luis Carlos Zabel, do grupo de dança-teatro Cría Sueños, que é encenado no corredor térreo da Galeria Olido, dia 6, em dois horários, às 13h30 e 17h.
Iniciada em Curitiba, a pesquisa teve como idéia central o uso da ironia como forma de comportamento. Com referências que vão do cinema mudo à literatura fantástica, presente na obra Alice no país das maravilhas, de Lewis Carrol, a coreografia apresenta dois corpos que se estranham pela falta um do outro, apesar da presença física. Os medos, delírios, sofrimentos e alegrias que envolvem o relacionamento entre duas pessoas, sem sexo definido, são construídos e destruídos a cada movimento e condicionados pelo amor.
Componente essencial na concepção, o figurino, assinado por André Lima, utiliza basicamente as cores branca e preta, presentes nas saias na altura do tornozelo, miniblusas confeccionadas com cola quente e um lenço sobre o colo. As marcas de sangue nos travesseiros e o batom manchando as faces dão um toque de vermelho, representando a agressividade, ora à flor da pele, ora oculta pela acomodação.
Fragmentos de textos de Clarice Lispector e os trabalhos do dramaturgo alemão Heiner Müller e do coreógrafo francês Phillipe Decouflé são também parte da pesquisa realizada pelo grupo durante o desenvolvimento do trabalho.
Serviço: Galeria Olido – corredor térreo. Centro. Dia 6, 13h30 e 17h. Grátis
Cena do espetáculo do do grupo de dança-teatro Cría Sueños
Cena do espetáculo do do grupo de dança-teatro Cría Sueños