Biblioteca Temática de Ciências desmistifica o cérebro

A palestra Era uma vez um cérebro será ministrada na Biblioteca Temática em Ciências Mário Schenberg, dia 6, às 15h, pela jornalista com formação em farmácia e especialização em neurociências, Luciana Christante

E que esses procedimentos tinham um elevado índice de recuperação, mesmo tendo em vista as estatísticas atuais? O desenvolvimento da trepanação (perfuração do osso do crânio para fins medicinais, como curar dores de cabeça e aliviar crises epilépticas) é um dos diversos exemplos presentes na palestra Era uma vez um cérebro, ministrada na Biblioteca Temática em Ciências Mário Schenberg, dia 6, às 15h, pela jornalista com formação em farmácia e especialização em neurociências, Luciana Christante.

Na apresentação, a profissional conta várias histórias curiosas para traçar a evolução das neurociências, uma teia multidisciplinar de especialidades médicas que tem como foco o estudo do sistema nervoso e as diferentes regiões cerebrais. “Hoje se fala muito em neurociências. Acho interessante explicar que as primeiras neurocirurgias foram feitas pelos homens das cavernas, há cerca de 5 mil anos. Os arqueólogos acharam diversos crânios com perfurações que não foram resultado de acidentes, pois eram milimetricamente quadradas e retangulares”, conta Luciana.

Na Idade Média, a trepanação continuou, mas também relacionada a outra intenção, a de livrar as pessoas dos maus espíritos. O procedimento foi ilustrado na tela datada de 1489, A cura da loucura – Extração da pedra da loucura, de autoria do pintor holandês Hieronymus Bosch.

As histórias enveredam pelos anatomistas do Renascimento até encontrar um fato crucial para o mapeamento funcional do cérebro. Em 1848, Phineas Gage, um australiano que trabalhava dinamitando rochedos para a construção de uma ferrovia, teve seu crânio perfurado por uma barra de ferro. O acidente ocorreu devido ao atrito provocado pela pólvora que ele depositava dentro de um furo na rocha. “O mais impressionante é que Phineas sobreviveu. Só que, de sujeito pacato, ele se transformou em uma pessoa agressiva”, explica Luciana. A alteração de comportamento ocorreu por conseqüência da perda de massa encefálica do córtex frontal. “Hoje sabemos que o lobo frontal tem o papel de reprimir nossos impulsos”, conta ela, referindo-se a esse que é considerado um dos primeiros casos clínicos documentados na história das neurociências.

|Serviço: Biblioteca Pública Mário Schenberg. Zona Oeste. Dia 6, 15h. Grátis