“A criação artística do homem não é a fabricação instintiva dos insetos e dos pássaros. É a criação livre, em que a inteligência joga todas as suas forças”. As palavras do escritor Graça Aranha reforçam o ideal de experimentação da arte moderna que se firmava no Brasil em meados da década de 1930. Assim como a íntegra do texto, a exposição Os salões de maio, em cartaz a partir do dia 6 no Centro Cultural São Paulo (CCSP), apresenta uma série de documentos das três edições do evento homônimo, realizadas em São Paulo nos anos de 1937, 1938 e 1939.
Idealizados pelo artista Quirino da Silva em parceria com Flávio de Carvalho e Geraldo Ferraz, os Salões de maio se configuraram como um marco no modernismo brasileiro. Em suas três edições, o evento reuniu obras de nomes significativos como Tarsila do Amaral, Victor Brecheret e Lasar Segall, e apresentou, pela primeira vez no Brasil, trabalhos de arte abstrata. “Os artistas que integraram os Salões tiveram um impacto muito forte no país, reunindo representantes de pólos culturais como Rio, Recife e São Paulo, e contando com a participação de diversos segmentos da intelectualidade”, comenta o curador da exposição, Paulo Monteiro.
Correspondências, publicações, fichas de inscrição e livros de presença – que hoje compõem parte do Arquivo Quirino da Silva, no CCSP – são alguns dos documentos expostos. Doados em 1982 pela viúva do artista, Cilda Dias da Silva, mais de sete mil itens integram o Arquivo, que futuramente estará disponível para consulta pública. A exposição apresenta também outros documentos referentes à trajetória de Quirino da Silva, cuja importância ilustram alguns momentos decisivos da historia da arte e da política nacionais. Entre eles estão cartas de Murilo Mendes e Menotti del Picchia, além de manuscritos de Assis Chateaubriand, com quem Quirino trabalhou nos Diários Associados e no Museu de Arte de São Paulo.
A mostra apresenta, ainda, obras que compõem o acervo da Coleção de Arte da Cidade de São Paulo assinadas por Anita Malfatti e Alfredo Volpi.
Serviço: Centro Cultural São Paulo – Sala Tarsila do Amaral e Gabinete de Papel. Centro. Abertura dia 6, 15h. Até dia 16/11. 3ª a 6ª, das 10h às 20h. Sáb., dom. e feriado, das 10h às 18h. Grátis