Inspirado no poema A morte, de João da Cruz e Souza, Borelli encena a coreografia Produto perecível, com Andréa Maia, Mara Mesquita e Raymundo Costa no elenco. As aflições e a beleza diante do olhar de quem morre são declamadas pelo poeta que, apesar de conhecido no final do século 19, morreu aos 36 anos de tuberculose e sem reconhecimento pela arte que produziu. “Esse texto me emocionou muito, pois se trata de um poeta negro, incompreendido em sua época, que fala sobre a finitude, um momento de transformação pelo qual todos passaremos”, explica o coreógrafo.
Para falar do corpo como extensão de informações, Aurich apresenta Pequenas paisagens, em que se investigam as possibilidades de comunicação feitas por meio dos movimentos corporais que falam por si mesmos. A música é de Renato Jimenez. “A imagem do artista é captada imediatamente pelo público, por isso, neste trabalho, damos a liberdade para a interpretação de cada um, tendo a improvisação como ponto fundamental”, diz o criador.
Completando o espetáculo, Mariana e Cláudia estréiam 2 reflexos. Interpretada por elas, a coreografia tem como referência o conto O espelho, de Guimarães Rosa, e os diversos sentidos dados à palavra reflexo. O trabalho propõe um questionamento sobre a busca de respostas nos próprios movimentos. “O cerne das questões está em nosso corpo”, afirma Mariana. O olhar diante do próprio rosto que se esconde atrás das máscaras, descrito na obra de Rosa, e a idéia da percepção de si mesmo são os eixos do espetáculo. O trabalho dá continuidade a uma parceria iniciada em 2004 com o projeto Cia. 2 Solo em Questão, ganhador do prêmio APCA de melhor iniciativa em dança.
Serviço: Apresentações seguidas. Galeria Olido – Sala Paissandu. Av. São João, 473 - Centro. De 21 a 31. 5ª a sáb, 20h. Dom, 19h. Grátis
Silvia Machado
Silvia Machado