Exposição mostra as diversas formas da Emília

Visual colorido com cabelo feito de trapos vermelhos e amarelos emoldurando a cara pintada, e os olhos pretos – “feito jabuticaba” – caracterizam, hoje, a personagem mais arisca de Monteiro Lobato, Emília

Mas não foi sempre assim. Criada em 1920, no livro A menina do narizinho arrebitado, a boneca confeccionada por Tia Anastácia era toda de pano, “recheada de macela, grossos cabelos negros curtos e os olhos de retrós”. De lá pra cá, seu visual passou por modificações concebidas por diversos artistas atentos à contemporaneidade. A personagem é tema da exposição Emília, a boneca de Lobato, em cartaz a partir do dia 4 na Biblioteca Infanto-Juvenil Monteiro Lobato. A mostra apresenta o trabalho de 11 ilustradores que a desenharam desde sua origem até 1982, centenário de nascimento do escritor.


Sem dedos nas mãos, com os cabelos rabiscados, o corpo desajeitado e as sobrancelhas bem acima dos olhos, nasceu a primeira boneca feita pelo desenhista Voltolino, na década de 1920. Seguindo as descrições de Lobato, K. Wiese fez outro desenho com características semelhantes. Mais tarde, um dos maiores caricaturistas brasileiros, Belmonte, criou uma Emília com feições mais humanas, que remetiam às bonecas de porcelana com rosto infantil.


A partir daí, nas décadas de 1930 e 1940, Jean G. Villin a desenhou com cabelos claros, pernas e braços afilados e compridos, e Rodolpho a colocou nas proporções das bonecas de pano da época; pequenina e sem nariz.


Quarenta anos depois da criação original, Manoel Victor Filho apresentou a imagem mais próxima da personagem conhecida atualmente: uma boneca com formas que se aproximam às de uma menina. 
Com curadoria de Oiram Antonini e Nelson Somma Junior, a exposição conta, ainda, com ilustrações de Jurandir U. Campos, André Le Blanc, Augustus, Odiléia Toscano e Paulo Ernesto Nesti. Textos colhidos da obra de Lobato acompanham o trabalho dos artistas. No dia da abertura, às 14h, o grupo Timol, formado por crianças e adolescentes freqüentadores da Biblioteca, apresenta a peça de Lobato, A pílula falante, que conta como Emília começou a falar.

|Serviço: Biblioteca Infanto-Juvenil Monteiro Lobato.  Tel.: 3256-4122. Atendimento: 2ª a 6ª, das 8h às 18h; sábado, das 10h às 17h.

 Abertura: dia 4, 14h. Em cartaz: 2ª a 6ª, das 8h às 18h. Sáb., das 10h às 17h. Grátis