Teatro Latino-Americano é reunido em mostra

O Centro Cultural São Paulo sedia, entre 5 e 11, a terceira edição da Mostra Latino-Americana de Teatro de Grupo.

Organizado pela Cooperativa Paulista de Teatro (CPT), o evento reúne seis grupos inter-nacionais e cinco brasileiros.

Segundo o presidente da CPT, Ney Piacentini, o evento tem o intuito de trazer a São Paulo montagens contemporâneas – coletivas e autorais – que não possuem apelo comercial e dificilmente chegariam aos palcos da cidade. “Muitas vezes, o que vemos é um teatro politizado de baixa potência estética. Nesta edição, ao contrário, grande parte das companhias optou por um teatro mais livre e menos político”, explica.

O grupo colombiano Teatro de la Candelaria abre a programação da Sala Adoniran Barbosa, dia 5, às 20h, encenando El paso, o parabola del camino. Fundada em 1966, por artistas e intelectuais vindos do teatro experimental e outros movimentos de vanguarda, a companhia se consolidou como uma das mais tradicionais do país.

Com 30 anos de atividade, o coletivo teatral mais importante de Portugal, A barraca, de Lisboa, apresenta a peça proibida durante a ditadura de Salazar, Felizmente há luar!. Sob influência do teatro de Bertolt Brecht, o texto é considerado o mais representativo do dramaturgo português Luís de Sttau Monteiro.

Entre as companhias brasileiras está Atores de Laura, do Rio de Janeiro. Em sua participação, o grupo traz para o palco da Sala Jardel Filho seu mais recente trabalho, Ensaios de mulheres, adaptação de Orquestra de senhoritas, do autor francês Jean Anouilh. Na peça, homens interpretam mulheres que integram uma orquestra de café-concerto. De Curitiba, chega a peça Antígona – Reduzida e ampliada, da CiaSenhas, montagem que, segundo a imprensa, foi um dos destaques no último Festival de Teatro de Curitiba – Fringe.

Completam a programação demonstrações do processo criativo das companhias participantes e debates entre profissionais

Veja a programação:

CORES, TAMBORES E CRENÇAS (SÃO PAULO)
Cia. de Artes do Baque Bolado. Dir.: Mauricí Brasil. Com Beth Aquino e Lourdes Miranda (canto); Miniwa do Ébano, Michelle Farias e Mauricí Brasil (dança); Vanessa Cristine, Giba Santana, Lelo Morais e outros (percussão). 75 min.
Show musical com composições como Chegança, Funkeleco e Ibí. A música vigorosa é executada pelos tambores de Maracatu de Baque Virado, do Estado de Pernambuco, e Djembes, de origem africana. Ritmos do candomblé se encontram com o funk americano.
/ Acesso à rampa do Metrô. Dia 5, 12h

ENCONTRO DE GESTORES
/ Sala de Oficinas 2. Dia 5, 17h


EL PASO O PARABOLA DEL CAMINO (COLÔMBIA)
Teatro la Candelaria. Dir.: Santiago García. Com Santiago García, Patricia Ariza, Cesar Badillo e outros. 90 min.
A obra se desenrola em uma espécie de cantina situada em um cruzamento, um lugar onde nunca acontece nada fora do habitual. A chegada de novos personagens quebra a monotonia dessa rotina. Na peça, enfrentam-se dois mundos, um passado de origem camponesa, quase bucólico, com suas canções nostálgicas, e um presente governado pelo terror e pela violência.
/ Sala Adoniran Barbosa. Dia 5, 20h

DEMONSTRAÇÕES: GRUPO TEATRO LA CANDELARIA
/ Sala Adoniran Barbosa. Dia 6, 14h

DEBATE: RELAÇÃO ENTRE ESTÉTICA E POLÍTICA NA PRÁTICA TEATRAL
Com João das Neves e Santiago Garcia. Mediação: Beatriz Rizk.
/ Sala Adoniran Barbosa. Dia 6, 17h

ENSAIOS DE MULHERES (RIO DE JANEIRO)
Atores de Laura. Texto: Jean Anouilh. Dir.: Daniel Herz. Com Anderson Mello, Charles Fricks, Felipe Mônaco e outros. 90 min.
Adaptação de uma sofisticada comédia em que mulheres, que tocam em uma orquestra de café-concerto, abordam questões que envolvem cumplicidade, desavenças e traições em relação aos homens. Na montagem, as mulheres dessa orquestra são interpretadas por homens.
/ Sala Jardel Filho. Dia 6, 21h

MISÉRIA, SERVIDOR DE DOIS ESTANCIEIROS (RIO GRANDE DO SUL)
Oigalê Cooperativa de Artistas Teatrais. Texto: Carlo Goldoni. Adaptação: Hamilton Leite e Juliana Kersting. Dir.: Hamilton Leite. Com Carla Costa, Fernando Pecoits, Giancarlo Carlomagno e outros. 60 min.
Continuação da saga do personagem Miséria que, depois de sua suposta morte, ficou vagando pelos pampas gaúchos. Nessa nova trajetória, tenta trabalhar na cidade grande como carregador, mas para ganhar mais dinheiro, envolve-se com dois estancieiros.
/ Acesso à rampa do Metrô. Dia 7, 12h

DEMONSTRAÇÕES: GRUPO ATORES DE LAURA
/ Sala Adoniran Barbosa. Dia 7, 15h

DEBATE: A RELAÇÃO DIALÉTICA ENTRE FORMA E CONTEÚDO NO TEXTO LATINO-AMERICANO
Com Marco Antonio Rodrigues e Aristídes Vargas. Mediação: Kil Abreu.
/ Sala Adoniran Barbosa. Dia 7, 18h

LOS ERRORES DE LO SUBJUNTIVO (MÉXICO)
Teatro de la Rendija. Dir.: Raquel Araujo. Com Ligia Aguilar, Pablo Herrero, Silvia Káter e outros. 60 min.
Espetáculo que combina teatro, dança, canto e vídeo. O audiovisual recria o Monte Yucateco que passa através das janelas de um trem, em um caminho de Mérida ao porto de Progresso, nos anos 30. Os passageiros contam suas histórias e brincam com o passado.
/ Sala Jardel Filho. Dia 7, 21h

DEMONSTRAÇÕES: GRUPO OIGALÊ COOPERATIVA DE ARTISTAS TEATRAIS
/ Sala Adoniran Barbosa. Dia 8, 11h

DEMONSTRAÇÕES: GRUPO TEATRO DE LA RENDIJA
/ Sala Adoniran Barbosa. Dia 8, 15h

NEVA (CHILE)
Teatro en el Blanco. Dir.: Guillermo Calderón. Com Trinidad González, Paula Zúñiga e Jorge Becker. 70 min.
Em uma tarde do inverno de 1905, em São Petersburgo, enquanto manifestações populares eram duramente reprimidas pelas tropas, duas atrizes e um ator ensaiam em um teatro da cidade. Uma das atrizes é Olga Knipper, que se tornou famosa por suas atuações no Teatro de Arte de Moscou, dirigida por Stanislavski, e foi mulher do dramaturgo Anton Tchekhov. Baseada em fatos e personagens reais, a peça é uma reflexão crítica e sarcástica sobre o teatro e a atuação dos atores.
/ Espaço Cênico Ademar Guerra. Dia 8, 18h

O REALEJO (CEARÁ)
Bagaceira de Teatro. Texto: Rafael Martins. Dir.: Yuri Yamamoto. Com Samya de Lavor, Edivaldo Batista, Ricardo Tabosa e outros. 70 min.
Vendedor de maçãs se apaixona por uma garota que foi criada para se casar com um coronel. Essa trágica história de amor proibido é contada por meio da magia do som de um enigmático tocador de realejo, que decifra o destino de todos.
/ Sala Jardel Filho. Dia 8, 21h

DEMONSTRAÇÕES: GRUPO TEATRO EN EL BLANCO
/ Sala Adoniran Barbosa. Dia 9, 11h

DEMONSTRAÇÕES: GRUPO BAGACEIRA DE TEATRO
/ Sala Adoniran Barbosa. Dia 9, 15h

ANTÍGONA – REDUZIDA E AMPLIADA (PARANÁ)
CiaSenhas de Teatro. Dir.: Sueli Araujo. Com Anne Celli, Luiz Bertazzo, Neto Machado e Patrícia Saravy. 60 min.
Releitura da tragédia de Sófocles, escrita em 450 a.C. O texto original serviu de inspiração para o grupo que durante nove meses desenvolveu um intenso trabalho de treinamento, leituras, discussões e improvisações. Nesta montagem, a companhia dá voz às personagens femininas da tragédia: Antígona, Ismene e Eurídece, mulheres que não entendem a guerra e não conseguem ser ouvidas. A história suscita questionamentos sobre o poder da mulher e seus direitos e deveres no passar dos séculos.
/ Sala Jardel Filho. Dia 9, 18h

DEMONSTRAÇÕES: COMPANHIA SENHAS DE TEATRO
/ Sala Adoniran Barbosa. Dia 10, 11h

DEMONTRAÇÕES: COMPANHIA DE TEATRO ÍCAROS DO VALE
/ Sala Adoniran Barbosa. Dia 10, 15h
 
AMARILLOS HIJOS (ARGENTINA)
Teatro del Bardo. Dramaturgia: Valeria Folini. Dir.: Valeria Folini e Gustavo Bendersky. Com Juan Kohner e Gabriela Trevisani. 60 min.
Uma série de assassinatos leva dois personagens a planejar a morte de um terceiro.
/ Espaço Cênico Ademar Guerra. Dia 10, 18h

FELIZMENTE HÁ LUAR (PORTUGAL)
A Barraca. Texto: Luís de Sttau Monteiro. Dir.: Helder Costa. Com Maria do Céu Guerra, Jorge Gomes Ribeiro, Luis Thomar e outros. 90 min.
Proibida durante a ditadura de Salazar, a peça, ambientada no século 19, faz uma crítica ao governo totalitário português do início dos anos 60.
/ Sala Jardel Filho. Dia 10, 21h

DEMONSTRAÇÕES: GRUPO TEATRO DEL BARDO
/ Sala Adoniran Barbosa. Dia 11, 14h

DEMONTRAÇÕES: GRUPO A BARRACA
/ Sala Adoniran Barbosa. Dia 11, 17h

BICICLETA LERUX (EQUADOR)
Grupo de Teatro Malayerba. Dir.: Arístedes Vargas. Com Diego Bolamos, Manuela Romoleroux, Maria del Rosário Francês e outros. 90 min.
Uma odisséia doméstica: este Ulisses nunca sai de casa, suas viagens se reduzem a passeios entre a sala, a cozinha e o banheiro, enquanto Penélope expõe essa intimidade cheia de ausências.
/ Sala Jardel Filho. Dia 11, 20h

 
Serviço: 3ª Mostra Latino-americana de Teatro de Grupo. Centro Cultural São Paulo / Rua Vergueiro, 1000 - Centro / De 5 a 11 / Grátis