Peça “Coluna Prestes: Encruzilhadas da Marcha da Esperança” mostra história não tão conhecida do Brasil

O Coletivo de Galochas apresenta-se no Teatro Cacilda Becker nos dias 18, 19, 20, 25, 26 e 27 de agosto

Com tema histórico da república velha brasileira, o espetáculo teatral Coluna Prestes: Encruzilhadas da Marcha da Esperança chega ao Teatro Cacilda Becker entre os dias 18 a 27 de agosto. O Coletivo de Galochas realizou a peça com ajuda da iniciativa Fomento ao Teatro, da Secretaria Municipal de Cultura, que possibilitou a pesquisa e produção do projeto. As apresentações são gratuitas.

A Coluna Prestes foi um movimento que surgiu do tenentismo, quando militares brasileiros revoltaram-se com o governo do presidente Artur Bernardes e fizeram uma marcha pelo Brasil. O evento é mais conhecido pela participação de homens brancos militares, ficando desconhecida a participação da maior parcela dos que marchavam, mulheres e homens negros.

“Como contar essa história de um outro ponto de vista?”, questiona Rafael Presto, diretor da peça, em entrevista. “De um ponto de vista das camadas de baixo que fizeram essa coluna, do soldado, da vivandeira, da moça do cabaré, da gente do povo simples. Porque essas figuras estão nos documentos históricos e foi assim que construímos a nossa forma de contar a Coluna Prestes”. Sendo assim, a peça dá outro olhar ao evento histórico conhecido pelas figuras dos Tenentes Luís Carlos Prestes e Miguel Costa, mas que, na realidade, 70% das tropas que se integraram à Coluna eram negras e se juntaram sob a condição de serem alfabetizadas. Além disso, houve grande participação das mulheres que fazem parte da trama como Rosa, que engravida durante a marcha, e Onça, que veio de um cabaré. As duas personagens históricas são interpretadas na peça.

O espetáculo inova também ao dividir a encenação em duas partes diferentes: a atuação dos personagens da Coluna Prestes e o Coro Cênico que representa um personagem em si. O Coro Cênico é uma proposta que havia sido pensada desde a criação do projeto quando o coletivo teve a oportunidade de usar o Fomento ao Teatro. A iniciativa previa um curso livre de coro cênico em que o grupo poderia escolher doze atores e atrizes para integrar a peça. Uma pesquisa foi realizada e o resultado foi pensar o coro como uma figura coletiva do teatro, nos moldes de apresentações de matriz europeia, da tragédia grega e expressões populares aqui do Brasil, tal qual o Carnaval.


Durante os meses que estão apresentando o espetáculo nos teatros da prefeitura, o resultado está sendo positivo: “Em alguma medida, as pessoas saem com esperanças e interessadas por saber mais”, conta o diretor. “No fundo, há uma dificuldade de fazer uma peça com tema histórico, como não fazer uma peça pesada e sisuda?”. Apesar do tema denso, a peça tem um caráter bastante popular por conta das músicas da banda, do coro, da encenação rápida, com duração enxuta, muito movimento com coreografias e batalhas na perspectiva afrodiaspórica que acabam engajando o público.
“Nesse momento, o objetivo é manter a Coluna Prestes circulando, porque ano que vem é o centenário da Coluna e queríamos juntar os esforços para passar com o espetáculo nos mesmos lugares que a Coluna Prestes esteve.” Rafael Presto fala sobre os planos do coletivo com 13 anos de caminhada. “Existem outras peças do repertório que vamos tentar voltar a circular, são trabalhos legais, O Pirata de Galochas e Mau Lugar, e depois a próxima futura peça”.


Por Marcelo Lustosa


Confira a programação completa abaixo:


l TEATRO CACILDA BECKER l
Coluna Prestes: Encruzilhadas da Marcha da Esperança
Teatro
18 a 27/08
Sexta e sábado 21h e domingo 19h
+14 anos
120 minutos
Brasil, década de 1920. A Coluna Prestes rasga o país. Durante a marcha, um grupo de oito pessoas, dos mais diferentes lugares, formam uma inusitada família, entrelaçando e mudando suas vidas. É com essa gente simples que Luiz Carlos Prestes aprende, forjando seu espírito revolucionário. O espetáculo conta com uma banda e um Coro Cênico integrando essa marcha da esperança.


Ficha Técnica:
FICHA TÉCNICA – Dramaturgia: Antonio Herci e Rafael Presto. Direção: Rafael Presto. Codireção: Eder dos Anjos. Direção musical, arranjos, regência e sonoplastia: Antonio Herci. Assistência de direção: Daniel Lopes. Elenco / personagens: Daniel Lopes (Soldado Ângelo), Diego Henrique (Sargento Garcia), Eder dos Anjos (Cabo Firmino), Kleber Palmeira (Comandante Prestes), Mona Rikumbi (Tia Maria), Silvia Lys (Onça) e Wendy Villalobos (Santa Rosa). Coro Cênico: Hysnaip Moura, Luísa Borsari, Maria Kowales Aguirre, Matheus Kawa, Jota Silva, Laura Nobrega, Leandro Duarte, Mateus Vicente, Nayra Priscila, Priscila Ribeiro, Tércio Moura e Victor Carriel. Musicistas/músicos: Antonio Herci (piano), Jéssica Nunes e Camila Borges (sanfona), Lula Gama (violão de 7 cordas), Miguel D’Antar (contrabaixo acústico) e Maicon de Moura (percussão). Cenografia: Kleber Montanheiro. Figurino: Kleber Montanheiro e Thaís Boneville. Adereços: Jéssica Freitas. Iluminação: Robson Lima. Coreografia e direção de movimento: Letícia Doretto. Cenotécnica: Nilton Araújo. Técnica de som: Gustavo Trivela e Jotape Hecht. Operação de som: Jotape Hecht. Provocação cênica: Júlio Silvério. Colaboração na criação: Ivone Dias Gomes, Nicolle Puzzi e Verônica Valentino. Audiovisual: Diogo Gomes. Direção de produção: Gabriela Morato. Produção: Maura Cardoso. Gestão de redes sociais: Dora Scobar. Fotos: Camila Rios, Diogo Gomes e Lucas Salazar. Designer Gráfico: Gustavo Oliveira. Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação. Idealização e realização: Coletivo de Galochas.