O único sobrevivente de um desastre aéreo cai numa ilha deserta, onde se encontra com um nativo que nunca teve contato com outro ser humano. Aquele que escapou da morte, o Imperador, vai tentar impor sua cultura, civilização e necropolítica ao originário da ilha, Arquiteto. Esse é o enredo de O Arquiteto e o Imperador da Assíria, peça do grupo Garagem 21, que ganha apresentações gratuitas no Teatro Arthur Azevedo entre os dias 12 e 14.

O texto da peça é inspirado no texto de mesmo nome do dramaturgo e escritor espanhol Fernando Arrabal, publicado em 1967. O trabalho original teve como inspiração o momento do pós-guerra e reflete sobre o autoritarismo. Para a obra, a direção e adaptação de Cesar Ribeiro fez modificações para reforçar o questionamento do totalitarismo, com passagens de outros autores, como do dramaturgo irlandês Samuel Beckett e do carioca Nelson Rodrigues, e assim se aproximar mais também do contexto histórico atual. Ao longo da história, o Imperador, ao tentar implantar sua visão de mundo, apresenta sua sociedade de forma distorcida, para tentar convencer o arquiteto, utilizando-se da violência cultural.

O grupo optou por montar o cenário com uma estética mais contemporânea e distópica, inspirada por quadrinhos e jogos eletrônicos, e faz com que a ilha seja metálica e artificial. O figurino, por sua vez, vem de encontro com o imaginário de um futuro distópico, ao mesmo tempo moderno, inspirado na estética do estilista britânico Gareth Pugh.

Por Marcelo Lustosa

| Teatro Arthur Azevedo. Av. Paes de Barros, 955, Mooca, Zona Leste. Dias 12 e 13, 20h30. Dia 14, 19h. Gratuito. 16 anos. 130 min.  

Ficha técnica:
Texto: Fernando Arrabal
Direção, tradução e adaptação: Cesar Ribeiro
Elenco: Helio Cicero e Pedro Conrado