Eventos marcam 40 anos da morte de Clarice Lispector

Exibição de filme e debate sobre a autora acontecem nos dias 1º e 2 de dezembro, no CCSP; Biblioteca Mário de Andrade terá palestra e espetáculo teatral entre os dias 7 e 9 de dezembro

Clarice Lispector é uma das escritoras mais importantes da literatura nacional. Sua prosa intimista e reflexiva se aproxima da poesia e está vinculada à terceira fase do modernismo. Neste ano de 2017 completam-se 40 anos de sua morte e, para lembrar a data, o Centro Cultural São Paulo preparou o evento “Que Mistérios Tem Clarice?” que acontece entre os dias 1º e 2 de dezembro e conta com uma mesa redonda e a exibição do filme “A Hora da Estrela”, seguida de um debate. Já na Biblioteca Mário de Andrade, entre os dias 7 e 9, haverá a encenação de um espetáculo teatral e palestra.

A escritora coleciona títulos de sucesso da literatura nacional, dentre eles, “A Paixão Segundo GH”, “Felicidade Clandestina”, “Laços de Família” e, sobretudo “A Hora da Estrela”. Publicado pouco tempo antes da sua morte, este livro foi adaptado para o cinema em 1985, por Suzana Amaral. O longa homônimo será exibido no CCSP no dia 2 de dezembro e, em seguida, haverá um debate com a diretora.

O uso de metáforas, provérbios, fluxo de consciência, frases inconclusas e neologismos é uma marca da escritora. Para discutir o processo de criação que envolve todos estes elementos, o Ponto de Encontro, mesa redonda que acontece no dia 1º, também no CCSP, conta com a presença de Vilma Arêas, professora da Unicamp e pesquisadora de Clarice Lispector, e a australiana Alison Entrekin, tradutora para o inglês do romance “Perto do Coração Selvagem”, com mediação da curadora de literatura do CCSP, Deise Getúlia de Melo.

“Como todo escritor de valor, Clarice ampliou os recursos da linguagem literária, sempre naquele “ritmo de procura” assinalado por Antonio Candido. Isso significa que, pouco a pouco, ela atingiu sua obra prima “A Hora da Estrela”, em que consegue falar de si, do problema estético e ideológico da literatura, além de traçar um retrato de uma mulher da classe pobre e explorada entre nós”, afirma Arêas que acredita na representatividade da escritora e na importância de repassar o seu trajeto literário para as novas gerações.

Já nos dias 7, 8 e 9, a Biblioteca Mário de Andrade recebe o espetáculo “Outra Hora da Estrela”, com Jussara Silveira, Celso Sim e banda. O roteiro do professor de literatura e poeta carioca Eucanaã Ferraz elabora um recorte criterioso no corpus da obra de Lispector e agrega a interpretação ao vivo do melhor cancioneiro popular brasileiro dos últimos cinquenta anos. O espetáculo encontra na perfeita afinação e na dramaticidade interpretativa de Jussara Silveira, em seu gestual contido e ao mesmo tempo intenso, a exata expressão da personagem Macabéa de “A Hora da Estrela”. A presença do ator-narrador em palco funciona como contraponto, ao remeter ao trabalho solitário do escritor e à sua fisicalidade confinada.

No dia 9, o jornalista e pesquisador de Clarice, Gutemberg Medeiros, ministra a palestra “Clarice Lispector ao rés do chão: fusão de literatura e jornalismo”, em que vai expor elementos de vida e obra da escritora a partir, especialmente, das obras “A hora da estrela”, “De corpo Inteiro” e “A descoberta do mundo” demonstrando dessa maneira que a escritora desfez barreiras entre jornalismo e literatura.

Por Juliana Pithon.

Serviço:

| Centro Cultural São Paulo. Rua Vergueiro, 1000. Paraíso. Próximo da estação Vergueiro do metrô. Tel. 3397-4002. Livre. Dias 1º e 2/12, 19h30. Grátis

Ponto de Encontro. Com Vilma Arêas e Alison Entrekin. Dia 1º/12, 19h30

Exibição do filme A Hora da Estrela. Com Suzana Amaral. Dia 2/12, 19h30