Fabiana Cozza e Marcelino Freire apresentam show Cantos Negreiros

A idéia surgiu durante a Feira Literária de Parati. Vencedor do Prêmio Jabuti do ano passado, o autor pernambucano Marcelino Freire lançava o livro Contos negreiros quando resolveu unir o canto à literatura convidando a cantora Fabiana Cozza para uma parceria. Acompanhados pelo percussionista Douglas Alonso e o violonista Marcos Paiva, criaram um espetáculo politizado em que as músicas reforçam os textos que denunciam o preconceito racial. “A palavra e o canto se misturam, um dando ritmo ao outro”, explica Fabiana.

Depois da estréia de sucesso na Flip, o show Cantos negreiros, que já passou por Recife, Salvador e algumas unidades do Sesc São Paulo, volta em apresentação única, dia 23, na Biblioteca Alceu Amoroso Lima.

Inspirando-se em autores brasileiros como Lima Barreto, Cruz e Souza e Jorge de Lima, Freire criou no livro histórias curtas e contundentes nas quais, direta ou indiretamente, dá voz a personagens negros e marginalizados. No encontro com Fabiana, que não pretende ser apenas um sarau ou uma leitura de textos com fundo musical, é possível perceber um eco dos espetáculos em voga nos anos 70. “É como aqueles shows que faziam Vinicius de Moraes e Maria Creuza, Clara Nunes e Paulo Gracindo”, diz o autor. “Há uma aura daquele tipo de espetáculo no que estamos fazendo”.

Para o repertório musical, foram selecionadas canções que a dupla chama de “afro-brasileiras”, ainda que, em algumas, não seja explícita a referência à temática negra. Entre elas, Canto das três raças (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro), Moer cana (Chico César), Canto de Ossanha (Baden Powell e Vinicius de Moraes) e Quem te viu quem te vê (Chico Buarque). Na ocasião, também será lançado um CD que registra o encontro.

Serviço: Biblioteca Alceu Amoroso Lima. Rua Henrique Schaumann, 777 - Pinheiros - Tel.: 3082-5023