Índios guarani da cidade de São Paulo comemoram um ano do Programa Aldeias no CCSP

Evento acontece no dia 14 e terá apresentação de canções e danças tradicionais, além de uma exposição e roda de conversa com lideranças guarani

O Programa Aldeias tem como um dos objetivos a valorização 
e o fortalecimento das expressões culturais tradicionais do povo guarani 


Os guarani que vivem em aldeias no município de São Paulo estarão no Centro Cultural São Paulo (CCSP), no dia 14 de março, a partir das 14h, para comemorar um ano do Programa Aldeias, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Cultura (SMC).

Nesta primeira fase, em parceria com o Centro de Trabalho Indigenista (CTI), foram realizadas diversas ações de valorização cultural e fortalecimento político nas aldeias guarani do Jaraguá e de Parelheiros. A exposição "Nhande kuery São Paulo Pygua – Os Guarani da cidade de São Paulo” mostra, por meio de fotos, textos, vídeos e objetos, um pouco do dia-a-dia das aldeias próximas a cidade: do plantio aos guerreiros xondaro, da alimentação tradicional às caminhadas na mata, das rezas e rituais à luta pela terra. Tudo está interligado dentro do modo de ser guarani, o Nhandereko. A exposição será dividida nos seguintes ambientes:

1. Orerekoa – Os guarani e as aldeias de São Paulo
2. Nanhoty – Plantio e preservação das matas
3. Nhanerembiu ete'i – Sementes e alimentação tradicional
4. Petỹ – Tabaco guarani
5. Nhemongarai – Os rituais de consagração
6. Opy – Casa de Rezas
7. Xondaro – Guerreiros guarani e sua dança
8. Grupos de formação
9. Terras Indígenas e a luta pela demarcação

O evento contará também com apresentações de canções e danças tradicionais, além da apresentação de uma coleção de três DVDs com produções guarani organizadas pelo Programa. Após a exibição de vídeos, haverá uma roda de conversa com lideranças guarani e representantes da SMC e do CTI sobre a experiência desse primeiro ano e as expectativas para o futuro.

Sobre o Programa Aldeias
O Programa Aldeias representa um novo momento das políticas públicas voltadas aos povos indígenas em São Paulo. Os principais objetivos deste Programa são a valorização e o fortalecimento das expressões culturais tradicionais do povo guarani e o apoio à sua participação nas decisões políticas que lhes dizem respeito.

Fruto do amadurecimento do diálogo da Secretaria Municipal de Cultura com as comunidades guarani Mbya da cidade de São Paulo, por meio do Núcleo de Cidadania Cultural e de convênio com o Centro de Trabalho Indigenista (CTI), o Programa Aldeias completa um ano em 2015. Durante este período, diversas ações foram executadas, tais como o fomento e transmissão de práticas e conhecimentos tradicionais, formação audiovisual, apoio aos plantios, ações de gestão e proteção territorial.

De maneira inovadora, o planejamento e execução das diversas ações do Programa foram organizadas e realizadas pelas próprias comunidades guarani, através de seu Conselho de Lideranças e da equipe de agentes culturais indígenas. Desta forma, o Programa Aldeias se insere dentro de um princípio de consolidação de políticas públicas que privilegia e promove o respeito ao protagonismo e à autonomia das comunidades guarani, valorizando sua cultura e seu território como componente fundamental da cidade de São Paulo.

Sobre os guarani e suas Terras em São Paulo
Na Grande São Paulo vivem cerca de 3 mil índios guarani, em aldeias localizadas em duas regiões distintas: o Extremo Sul e o Pico do Jaraguá.

Na década de 1980, foram reconhecidas três áreas de ocupação tradicional do povo guarani na capital paulista, mas a extensão dessas áreas foi sempre insuficiente para a reprodução física e cultural das comunidades, pois nesse período, anterior à Constituição de 1988, os guarani eram taxados preconceituosamente de nômades ou aculturados, sem direito à terra. Foi sob forte pressão política contrária que foram demarcadas as terras Indígenas guarani da Barragem, com 26,3 ha, guarani do Krukutu, com 25,9 ha, e Jaraguá, com 1,7 ha. Esta última é a menor área indígena reconhecida no país, onde habitam cerca de 700 pessoas com apenas 1,7 ha regularizado (mais de 500 indivíduos por hectare), configurando uma das situações mais dramáticas de desrespeito aos direitos indígenas no país.

Desde então, os Guarani têm lutado para ver os limites reais de sua ocupação tradicional reconhecidos, com as áreas que incluíssem antigas aldeias, trilhas de coleta e caminhos de ligação às outras aldeias na baixada santista.

Em 2012, a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) aprovou relatório que descreve a área da ocupação tradicional dos guarani no Extremo Sul da Grande São Paulo, reconhecendo a Terra Indígena Tenondé Porã, com cerca de 15.969 ha, e abrangendo as antigas áreas da Barragem e do Krukutu, reconhecidas na década de 1980 (Ver resumo publicado no Diário Oficial da União). Em 2013 a FUNAI aprovou relatório que descreve os reais limites da ocupação tradicional dos guarani na região do Pico do Jaraguá, reconhecendo a Terra Indígena Jaraguá, com cerca de 532 ha (Ver resumo publicado no Diário Oficial da União).

Apesar de viverem muito próximos à maior mancha urbana do continente, os guarani de São Paulo praticam seus rituais tradicionais e mantêm viva sua língua - a maioria das crianças e mais velhos não falam o português. Os guarani hoje lutam para terem seus direitos territoriais reconhecidos e para que seu idioma e suas expressões culturais sejam celebrados como parte constitutiva e significativa da diversidade cultural paulistana.

Serviço: Centro Cultural São Paulo – Sala Adoniran Barbosa. Rua Vergueiro, 1.000, Paraíso. Próximo da estação Vergueiro do metrô. Centro. Tel. 3397-4001. Dia 14, das 14h às 21h. Grátis

Confira programação completa:

14h – Exposição;
17h – Apresentação de Xondaro;
17h30 – Coral guarani;
18h – Exibição do documentário;
18h30 – Roda de conversa (fala das autoridades);
19h30 – Comidas tradicionais;