Balanço black

Fonte: Jornal da Tarde

A black music voltou à moda. Hoje a Banda Black Rio põe SP para dançar

CAIO QUERO, caio.quero@grupoestado.com.br

Dê aquela ajeitada no velho penteado, tire as calças boca de sino da gaveta e prepare-se: um dos maiores nomes da música black brasuca está de volta. O Bourbon Street recebe, hoje, a nova geração da carioca Banda Black Rio, um dos grupos pioneiros na mistura de samba, soul e funk dos anos 1970.

A volta da lendária banda começou nos início da década de 90. Durante uma turnê com Gilberto Gil por Londres, o pianista William Magalhães encontrou um disco da Black Rio para vender em uma loja de antiguidades. O preço: mais de 100 libras. “Naquela hora me deu um clique: percebi que o grupo era muito mais respeitado no exterior, principalmente na Europa, do que no Brasil. Deu até um certa revolta”, lembra William, que é filho do saxofonista Oberdan Magalhães, fundador da Black Rio e morto em um acidente de carro em 1984.

Decidido a reavivar o grupo, William foi procurar os antigos companheiros do pai. “Exceto por Lúcio Trombone, nenhum deles quis voltar com a Black Rio. Achavam que, com a morte de Oberdan, tinha chegado a hora de parar.” Mesmo assim, ele não desistiu. Foi atrás de novos instrumentistas e fundou a nova banda Black Rio, com a qual se apresenta hoje.

No repertório do show, músicas dos dois primeiros discos do conjunto: Maria Fumaça (de 1976) e Gafieira Universal (lançado em 1977). Estão presentes também as músicas do CD Movimento, de 2001, no qual o grupo já aparece com a nova formação. “Vamos interpretar ainda canções de Tim Maia, Cassiano e Jorge Benjor. Sem abandonar o lado da criatividade musical que marcou nossa história, queremos ajudar a popularizar, fazendo a galera dançar”, diz Magalhães, que já trabalhou ao lado de Caetano, Gal Costa e Marina Lima.

O líder da nova Black Rio conta que o maior desafio para este novo projeto foi recuperar a sonoridade setentista. “Não havia partituras. O primeiro disco deles foi uma criação coletiva, ficaram 40 dias no estúdio, cada um tocando a sua parte. Fiquei quase seis anos estudando os arranjos e as vozes para conseguir tirar tudo.”

Som negro carioca

A Banda Black Rio nasceu em 1976, a partir de uma fusão dos grupos Impacto 8 e Don Salvador e Abolição. À época, os subúrbios cariocas estavam tomados por uma nova cena musical que misturava os ritmos negros americanos com o samba : era o chamado black rio. “Muita gente não sabe, a banda surgiu na Warner, que resolveu chamar músicos e montar um grupo com o nome desse movimento”, lembra William.

O talento do grupo foi além dos interesses de mercado e a Black Rio se tornou um marco do samba-funk. Entre 1976 e 1980 lançou três discos, fazendo, inclusive, sucesso nas pistas de dança na Inglaterra.

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Banda Black Rio. Bourbon Street. Rua dos Chanés, 127, Moema. Informações e reservas: 5095-6100. Hoje, a partir das 22h30. Couvert artístico: R$ 35.

São Paulo black ‘de raiz’

Assim como aconteceu no Rio de Janeiro, a cena black também foi bastante forte na periferia de São Paulo nos anos 70 e 80. Mesmo com a invasão de outros estilos, alguns bailes ainda mantém a tradição. É o caso do Mistura Fina, que anima a galera nostálgica com músicas das décadas de 70 e 60 e muito samba-rock. A próxima edição da festa acontece no próximo dia 21, no clube Cassasp ( Avenida Braz Leme, altura do número 2.040). Os ingressos custam R$ 10 e podem ser reservados pelo telefone 3712-2014. Aqueles que resolverem curtir encontros black mais tradicionais devem se preparar: saber dançar é um dos requisitos principais. Quem prefere não sai por aí castigando os dedões dos pés dos parceiros pode tomar aulas gratuitas de samba-rock na Galeria Olido (Avenida São João, 473, Centro) todas as quartas-feiras, a partir das 18h. O professor é o coreógrafo Moskito, figura conhecida dos bailes da cidade. Depois das aulas (que duram 1h30), o DJ Tony Hits organiza uma festa com funk, soul e várias raridades do black brasileiro.

O Professor Moskito também dá aulas a partir deste sábado no Espaço Santa Clara (Rua João Ramalho , 1085, Perdizes). O curso de dança começa às 21h30. Logo depois, a festa segue animada pela banda Na Esquina e pelo DJ Loo. Os ingressos custam R$ 20 para homens e R$ 5 para mulheres (há mais informações na internet).

Mano Brown ataca como DJ

Conhecido por suas letras politizadas e por sua aversão a badalações e entrevistas, o rapper Mano Brown, do grupo Racionais MCs, mais uma vez surpreende: vai atacar como DJ em uma das boates mais moderninhas da cidade, o Clube Glória, que fica na Bela Vista. Ele é um dos convidados da festa ‘Gloria Disco’, que acontece na próxima quarta-feira (18) e é comandada por DJ Hum, outro veterano do rap paulistano. No set list da noite, por incrível que pareça, muita disco music, ritmo que animou as pistas na década de 1970. Nada mais diferente que o rap de protesto dos Racionais. Outro convidado ilustre da festa é o B-Boy ‘das antigas’ Nelson Triunfo, que faz suas performances na pista de dança enquanto balança seu enorme penteado black power. A noite ainda conta com o DJ Iraí Campos.

(SERVIÇO)DIVIRTA-SE

Mano Brown no Gloria Disco. Clube Glória. Rua 13 de Maio, 830. 3287 3700. Ingressos: R$ 35 e R$ 25 (com nome na lista do site). Quarta-feira (18), a partir das 23h30