Caixas de leitura em salas de aula despertam o interesse por livro

Cada turma do 5° e 6° ano do ensino fundamental da unidade possui uma caixa onde são guardados diversos títulos, todos escolhidos pelos estudantes, que podem ser usados dentro da sala de aula sempre que possível.

Para despertar o interesse dos alunos do ciclo II do ensino fundamental por obras literárias e intensificar os trabalhos de incentivo à leitura, os educadores da escola Coronel Helio Franco Chaves, no Tremembé, Zona Norte da Cidade, criaram uma forma diferente de manter os livros bem perto dos jovens: caixas de leitura.

Cada turma do 5° e 6° ano do ensino fundamental da unidade possui uma caixa onde são guardados diversos títulos, todos escolhidos pelos estudantes, que podem ser usados dentro da sala de aula sempre que possível. Em companhia das professoras, cada turma foi à Sala de Leitura e escolheu os livros que compõem a "seleção" da classe.

A iniciativa dos educadores já surte o efeito desejado, o hábito de leitura entre os estudantes. Como Beatriz Oliveira, 12 anos, que leu Cyrano de Bergerac, escrito por Edmond Rostand, em 1897. "Cyrano não era de levar desaforo para casa, isto foi o que mais me chamou atenção", conta Beatriz.

Para Haevelyn Rodrigues, que com 11 anos cursa o 1º ano do ciclo II, escolher que livro gostaria de colocar como opção de leitura foi difícil. "Eu queria colocar um monte na caixa. Olhava para um e achava legal, mas logo via outro que eu queria também. No fim, como gosto de terror, escolhi Sete Ossos. Fui a primeira a ler, mas agora colegas já leram e outros já estão na fila".

Caixas na sala

No início do período, as caixas são levadas para as salas de aula. Toda vez que um aluno termina suas atividades em classe, algum trabalho ou prova, ele pode pegar o livro que está lendo no momento. Todos têm uma ficha individual em que colocam data, nome do livro e autor. Há também um espaço reservado para o aluno emitir opinião e registrar as passagens mais interessantes do livro, como fez Beatriz.

Para ela, o interesse por Cyrano de Bergerac e Dom Quixote, dois dos três livros da caixa da 6ª A que já leu, surgiu a partir de trabalhos em classe. "Duas atividades diferentes de Português que fizemos na sala tinham trechos dos livros e fiquei curiosa em saber o resto da história, por isso não tive dúvida do que escolher".

Uma das coordenadoras pedagógicas da EMEF Coronel Helio Franco Chaves, Maria Lucia Apro, explica que o projeto começou a ser posto em prática em maio deste ano, mas os resultados já podem ser notados. "Cada aluno lê no seu próprio ritmo", diz ela. "Alguns já leram até quatro livros, mas todos já leram pelo menos dois, o que é ótimo para o tempo de trabalho", comemora.

Outro ponto positivo da iniciativa é que os alunos aproveitam ao máximo o tempo que permanecem na escola. Aos 12 anos, Jackson Silva é um dos alunos da 6ª A e aprova a novidade. "É muito bom ter livros em classe. Na minha casa não tenho mais tanto tempo, por causa da lição de casa, e eu gosto muito de ler. Então eu aproveito todo tempo que posso na sala para ler o que eu quero".

A coordenadora pedagógica Maria Lucia destaca ainda outros benefícios. "Alguns alunos já têm habito de ler, mas a idéia está incentivando outros alunos a querer aprimorar a leitura. Isso ajuda muito no desenvolvimento da leitura e escrita ao longo dos anos dentro dos diversos gêneros e aumentar o repertório".

O aluno Jefferson Santana, 12 anos, concorda com a coordenadora e revela que já colhe os frutos do trabalho. "Acho que estou melhorando, às vezes eu não conseguia entender bem os textos, mas com a prática estou me sentindo mais seguro para ler e também para escrever".

Os dois primeiros anos do ciclo II do ensino fundamental já estão trabalhando efetivamente, mas o objetivo é alcançar também as turmas do 7º e 8º ano. "Já estamos implementando a idéia nas outras salas. Dom Quixote e Feliz Ano Velho já estão entre as obras que começam a compor a 'seleção' dos alunos mais velhos", revela Maria Lucia.