Participantes do projeto “Hortas e Viveiros da Comunidade” se formam em Agricultura

Em cerimônia cheia de alegria e motivação, participantes receberam os certificados nesta terça-feira (9/5)

A arte de plantar está além de saber o manuseio da terra. Ela compreende agora um ciclo que vai desde a preocupação com a sustentabilidade até o incentivo de uma alimentação saudável. E foi com uma clara explicação sobre todos esses aspectos que os formandos do projeto “Hortas e Viveiros da Comunidade”, integrante do programa “Agriculturas Paulistanas”, receberam nesta terça-feira (9/5) o certificado de conclusão do curso em Agricultura. A cerimônia aconteceu no auditório da Biblioteca Municipal Mário de Andrade e contemplou 155 participantes. Desses formandos, 130 são beneficiários do Programa Operação Trabalho (POT), que capacita pessoas em vulnerabilidade social para o mercado de trabalho.


Durante o curso, os alunos aprenderam desde tratamento de solo até técnicas de empreendedorismo. Noções de vendas, licença ambiental, sustentabilidade e alimentação saudável fizeram parte da capacitação desses agentes.
O projeto foi aplicado em cooperação com a Fundação Paulistana de Educação, Tecnologia e Cultura, Secretaria Municipal de Trabalho e Empreendedorismo (SMTE), por meio da Coordenação de Segurança Alimentar e Nutricional (Cosan), e AMATER, empresa ministradora dos cursos. As aulas ocorreram por cinco meses em 17 hortas comunitárias espalhadas em todas as regiões da capital. A partir de agora, esses participantes estão aptos para atuar como agentes multiplicadores junto às organizações do bairro e aos coletivos sociais locais na implantação de projetos de agricultura urbana.


A abertura do evento foi feita pelo secretário municipal de Trabalho e Empreendedorismo, Eliseu Gabriel, que parabenizou pela forma clara e importante com que os formandos falaram sobre alimentação saudável. “Eu fico admirado em ver quando pessoas gostam do que fazem, e é o que estou vendo aqui hoje”. O secretário fez questão de ressaltar que, atualmente, em São Paulo existe grande procura por alimentos orgânicos ou saudáveis, porém, ainda com pouca produção. “Isso pode ser para vocês o começo de um grande projeto de vida. Apliquem esse conhecimento na produção, pois a cidade quer consumir o que vocês plantam”, destacou.


O diretor da Fundação Paulistana, Sergio Luiz de Moraes Pinto, enfatizou que uma das missões da entidade é proporcionar capacitação e oportunidades para pessoas em vulnerabilidade social. “Eu acho que o trabalho valoriza a pessoa em todos os aspectos, é a chave para questão social, é a realização pessoal. E, na minha opinião, essa turma se torna ainda mais especial dentro dos cursos elaborados pela Fundação, pois estão exercendo a primeira e mais nobre atividade humana: a agricultura. São vocês que vão trazer à sociedade alimentos de qualidade. Por isso, nos esforçamos para mais projetos como este”.


A aluna Maria de Lourdes Andrade Silva foi uma das representantes das turmas à mesa da cerimônia. Quando discursou em nome dos colegas, ressaltou que o aprendizado vai ser aplicado na comunidade, e que a união das turmas trouxe mais benefícios ao curso e ao bairro. Na Horta Vila Nova Esperança - Butantã, da qual Maria faz parte, os alunos criaram uma biblioteca no local, inclusive com consulta a livros medicinais. “Agora as pessoas podem pesquisar o potencial de cada planta que ela vê na nossa horta, podem estudar e usar melhor a medicina natural”. Maria ainda conta que lá há uma cozinha experimental que incentivar a prática da alimentação saudável. “Tudo isso vem acontecendo a partir da capacitação que tivemos. A cada dia, novas ideias vão surgindo”, disse.


O coordenador-geral da AMATER, Jorge Henrique Morais da Silva, agradeceu o empenho da turma e ressaltou que o projeto foi importante por abranger os quatro cantos da cidade, aumentando a propagação de informações sobre o acesso ao alimento saudável.


Jorge Henrique entregou os diplomas aos formandos presentes. Entre eles estava Sheila Amorim, 33 anos, da Horta Casa Porto Seguro, que fica no bairro Armênia. Filha de agricultores baianos, ela viu a possibilidade de se capacitar na área que gosta. “Lido com isso há cinco anos e a cada aprimoramento que faço tenho mais vontade de empreender. Já me sinto capacitada para vender e administrar, além de poder ajudar novas pessoas a entrarem para o ramo”.


Representante da Horta Viveiro Indígena – Aldeia Tenondé Porã, da zona Sul da capital, Manuel Lima, 64, é indígena e sempre esteve em contato com a terra, mas abraçou a ideia de buscar mais informação e conhecimento sobre o assunto. “É sempre bom aprender. Hoje plantamos alimentos diferentes do cultivo indígena. Eu não penso em vender, quero ampliar para distribuir à nossa comunidade e para entidades de caridade”, explica.


As amigas, Maria do Carmo e Vera Lúcia, são integrantes da Casa de Agricultura Ecológica (CAEs) de Parelheiros e se sentem motivadas para unir conhecimento e se tornarem futuras empreendedoras. “A Maria do Carmo já trabalha com mudas e eu, com a produção de alimentos integrais, então nossa amizade está propensa a se tornar uma grande parceria”, conta Vera.