Nos últimos dois verões, 2021/2022 e 2022/2023, a cidade de São Paulo foi afetada pelo fenômeno La Niña, que contribuiu para a intensificação das chuvas. Em janeiro deste ano, o sistema preditivo da Secretaria Municipal das Subprefeituras (SMSUB), Urano, registrou 98 mm de chuvas em um período de duas horas na Zona Leste da capital. As fortes chuvas, combinadas com a permeabilidade do solo reduzida devido à urbanização, é um dos motivos que resultam em transbordamentos de córregos na cidade.
Através do cruzamento de dados, mapeamento dos córregos e das demandas no Canal SP156, a SMSUB inverte a lógica de trabalho. As obras do maior Programa de Canalização de Córregos da capital foram organizadas conforme a necessidade local, podendo incluir revitalização, drenagem, requalificação e/ou contenção de córregos. Com isso, evita-se a necessidade de obras emergenciais futuras nos mesmos locais.
As intervenções nos córregos foram planejadas não apenas para resolver o problema de alagamento, mas também para melhorar a qualidade de vida da comunidade que frequenta ou mora no local. Portanto, serão implantados Parques Lineares nas margens dos córregos que tiverem espaço disponível. Esses parques podem ser equipados com quadras poliesportivas, Academias da Terceira Idade (ATI), mesas e cadeiras, pistas de corrida, brinquedos, pista de skate e muito mais.
Projeto executivo da obra de canalização do Córrego Itaquera - Crédito SMSUB
“Esse espaço sempre foi uma questão para quem mora aqui porque nunca foi um local que pudéssemos desfrutar", conta a vigilante Elizabete Alves, 40 anos, moradora da Cidade Tiradentes há 35 anos e vizinha do Córrego Itaquera. No local, a assessoria técnica de Obras e Serviços (ATOS-SMSUB) faz a canalização do córrego, que contará com um amplo parque linear. Para o aposentado Antônio Alves Mascarenhas, 78 anos, também morador antigo da Cidade Tiradentes, a obra só traz pontos positivos: "Eu e minha esposa precisamos fazer fisioterapia e caminhar bastante. Quando a obra estiver pronta, ter esse espaço aqui perto, para nós, será um benefício tremendo!”.
Apesar de fazerem parte do ciclo natural da água, as chuvas podem causar danos à ordem social e econômica. Quando estava em processo de desenvolvimento, São Paulo canalizou córregos, ocupou margens e impermeabilizou o solo. Hoje a cidade está caminhando em direção oposta, buscando cada vez mais harmonizar a natureza, suas sazonalidades e o progresso humano.
Na região de Cidade Ademar, Zona Sul de São Paulo, outra obra de revitalização e canalização está em andamento, no Córrego Domênico Palma. Durante o período de cheias, o córrego, que fica entre residências e estabelecimentos comerciais, fica coberto de água. A solução para esse caso vem de uma inovação na zeladoria da cidade de São Paulo, o tunnel liner. O túnel subterrâneo permitirá que o fluxo da água continue sem a necessidade de remover imóveis e casas do local. Para Júlio Francisco, mecânico de 37 anos e vizinho do córrego, a obra irá melhorar o fluxo de clientes e evitar o fechamento de sua loja. “Quando chove, isso vira uma cachoeira aqui, ninguém consegue passar devido à quantidade de água. Com essa obra, a praça vai ficar limpa, vai chamar a atenção e trazer mais pessoas”.
O contador Marcos Aurélio Pereira Gonçalves, de 46 anos, vê a canalização do Córrego Domênico Palma como sinônimo de maior segurança para a região. “Atualmente, sem essa obra, a área é muito perigosa, especialmente à noite. A canalização trará bem-estar, segurança e valorizará os imóveis ao redor”. Ao todo, 45 córregos estão contemplados no Programa de Canalização, e outros podem ser incluídos.
Com um investimento superior a seiscentos e trinta milhões de reais, o projeto tem um impacto direto na qualidade de vida de 22.500 famílias. A Secretaria das Subprefeituras está comprometida em cuidar da população local e dos bairros da capital, trabalhando para que os cidadãos possam sair de casa com a certeza de encontrá-la do mesmo jeito que a deixaram.