“Embalagem verde” substituirá as atuais sacolinhas de supermercado

Após Justiça considerar constitucional lei que proíbe distribuição de sacolas plásticas, um novo modelo deverá entrar em circulação dentro de 60 dias. Sua reutilização deverá ser apenas para resíduos sólidos destinados à coleta seletiva

Acordo entre a Prefeitura de São Paulo, supermercadistas e indústria química prevê que dentro de 60 dias seja apresentado um novo tipo de embalagem em substituição às tradicionais sacolinhas plásticas distribuídas pelo comércio, em particular pelos supermercados. O anúncio foi feito nesta quinta-feira, 13/11, pelo prefeito Fernando Haddad em coletiva de imprensa que contou com as presenças do secretário de Serviços, Simão Pedro, e o presidente da Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb), Silvano Silvério.

A decisão foi tomada depois que o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) confirmou a constitucionalidade da Lei 15.374/11, que proíbe a distribuição e venda de sacolas plásticas em comércios da cidade.

O novo modelo ainda está sendo debatido com os setores envolvidos. Uma coisa, porém, está definida. Sua reutilização deverá ser obrigatoriamente para o descarte de resíduos sólidos secos e recicláveis.

“Será uma embalagem padronizada, com dimensões, resistência e cores próprias. O consumidor a receberá ao fazer suas compras no supermercado e depois depositará na mesma sacola, e somente nela, o resíduo sólido destinado à coleta seletiva”, enfatizou Haddad, ao lembrar que esse procedimento somente será possível graças à instalação de duas centrais mecanizadas de triagem, capazes de processar 500 toneladas/dia de resíduo seco e à ampliação da coleta seletiva, hoje presente em 85 distritos, dos quais 40 de forma universalizada.

Segundo o prefeito, se todos fizerem sua parte – ou seja, destinarem corretamente as novas embalagens fornecidas pelo comércio, as centrais mecanizadas serão abastecidas, as cooperativas de catadores serão fortalecidas e o meio ambiente será melhorado. “Além disso, os supermercados ficarão confortáveis diante de seus clientes por estarem inseridos em uma política ambiental. O consumidor, por sua vez, também se sentirá contemplado porque estará contribuindo para que a sacola não terá como destino o aterro. Essa circularidade garantirá a sustentabilidade do projeto, que contará ainda com a universalização da coleta seletiva em todos os 96 distritos, o que deverá ocorrer até 2016”, ressaltou.

A substituição das sacolinhas contará com um maciço programa ambiental e ampla divulgação publicitária a serem desenvolvidos pela prefeitura, com a participação dos supermercados que se comprometeram em distribuir material educativo sobre o que pode ser reciclado (vidro, papel, metal e plástico). “Certamente, isso abrirá portas para outros programas ambientais na área de resíduos num futuro próximo, atendendo, dessa forma, o Plano Geral de Resíduos Sólidos que já está incorporado na legislação municipal”, afirmou Haddad.

A construção de mais duas centrais mecanizadas previstas para o próximo ano deverá fazer com que o município, em 2016, recicle 25% dos resíduos secos - cerca de 1.250 toneladas-, o que corresponde a 10% de todo o lixo coletado na cidade. Hoje, o percentual de secos processados pelas centrais está próximo a 19%.

Para contribuir com a reciclagem, são importantes alguns cuidados no descarte do lixo, principalmente a separação dos resíduos recicláveis, como latas e garrafas, dos resíduos orgânicos, como restos de comida e cascas de frutas. Recicláveis com restos de alimentos devem ser enxaguados para não contaminarem outros materiais.

“A nova sacola é mais um importante passo que damos para tornar São Paulo uma cidade sempre alerta às questões da sustentabilidade, enfim, um espaço melhor para vivermos”, destacou Simão Pedro, secretário de Serviços, ao ressaltar que a ampliação da coleta seletiva se deu a partir do final de setembro, o que fez com que 27 caminhões fossem incorporados à frota durante setembro e outubro. No começo do ano, deverão entrar em operação mais 23.


O que pode e o que não pode ser encaminhado para reciclagem

Papel – jornais, revistas, cadernos, livros, papel de seda, caixas de papelão, cartolinas, papel kraft, papel de desenho, caixas tipo longa vida

Não são recicláveis- carbono, celofane, papel vegetal, papel fotográfico, fitas e etiquetas adesivas, papéis metalizados, parafinados ou plastificados

Plástico - sacos e sacolas, potes, tampas, garrafas PET, embalagens de produto de limpeza, canetas sem carga, escovas de dente, isopor, baldes e utensílios de cozinha

Não são recicláveis- acrílicos em geral, adesivos, tomadas, embalagens com material corrosivo e tóxico, espumas, plásticos “termofixos” (utilizados em telefone, computadores, teclados)

Metal - latas e objetos de alumínio, cobre, chumbo e bronze, fios, tampinhas, embalagens de marmitex, arames, chapas, canos, grampos e clips

Não são recicláveis - esponjas de aço e latas de aerossol, tinta ou pesticidas

Vidro - garrafas, frascos de condimentos, copos, pratos e outros objetos

Não são recicláveis- espelhos, lâmpadas, cristal, vidro plano, cerâmica e porcelana