Seminário debate desafios para o atendimento da violência sexual e o aborto legal

Cerca de 150 participantes, entre gestores e gestoras públicos, profissionais de saúde e integrantes da sociedade civil comparecerem ao auditório do Hospital Arthur Ribeiro Saboya (Hospital do Jabaquara) participaram do evento, promovido pela Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres (SMPM) em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde

Cerca de 150 participantes, entre gestores e gestoras públicos, profissionais de saúde e integrantes da sociedade civil compareceram ao auditório do Hospital Arthur Ribeiro Saboya (Hospital do Jabaquara) nesta terça (7/10) para participar do evento, “Violência Sexual e Aborto Legal” desafios para o atendimento”, promovido pela Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres (SMPM) em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde.

Ao abrir o seminário, Orlando Elídio da Silva, Diretor Técnico do Hospital Arthur Ribeiro Saboya relembrou o significado histórico desempenhado pelo Hospital Jabaquara para a garantia dos direitos reprodutivos das mulheres, já que a unidade foi a primeira a implantar o serviço, em 1989, por meio de uma portaria municipal e de acordo com a determinação do SUS, nos casos previstos em lei.

Da mesma forma, a Secretária de Políticas para as Mulheres, Denise Motta Dau, considerou simbólico que o evento fosse realizado no Hospital Municipal Arthur Ribeiro de Saboya, onde o primeiro serviço de aborto permitido em lei foi implantado. “Desejamos para breve a reativação do serviço neste local, assim como a implantação em novos hospitais. Pretendemos realizar seminários de capacitação de profissionais de saúde para a realização do procedimento, fortalecendo e ampliando ,de forma intersetorial , a rede de enfrentamento à violência e reafirmando os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres”, afirmou.

Na opinião da secretária- adjunta da SMPM, Dulce Xavier promover essa discussão abre a possibilidade de retomar o atendimento às mulheres vítimas de violência sexual a um procedimento seguro, garantido constitucionalmente e normatizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), nos casos previstos pelo Código Penal Brasileiro.

Para Karina Barros Calife Batista, Coordenadora de Saúde Região Sudeste, é fundamental que as mulheres tenham seus direitos garantidos no Hospital Jabaquara, considerando que esta unidade foi pioneira na realização desse procedimento. Segundo ela, o serviço aguarda a contratação de duas ginecologistas para ser reativado brevemente.

Painéis

Ao apresentar o painel “Avanços na legislação e a laicidade do Estado”, Rosana Tailib, psicóloga e integrante da ONG “Católicas pelo Direito de Decidir” apontou os desafios que se apresentam para o efetivo cumprimento da Lei 12.845 de 2013, que dispõe sobre o atendimento obrigatório e integral de pessoas em situação de violência sexual. Segundo a lei, os hospitais devem oferecer às vítimas de violência sexual atendimento emergencial, integral e multidisciplinar, visando ao controle e ao tratamento dos agravos físicos e psíquicos decorrentes de violência social.

Falando sobre as “Estratégias para a implementação dos serviços de aborto legal”, Osmar Colas, médico e integrante da equipe da Casa Domingos Delascio e Coordenador do Programa de Violência Sexual e Interrupção da Gestação Prevista em Lei da UNIFESP destacou a importância do treinamento permanente de profissionais envolvidos no atendimento dos casos de violência sexual. Lembrou também a necessidade dos movimentos sociais cobrarem dos (as) gestores (as) públicos a implantação desses serviços nos hospitais da rede pública para a garantia dos direitos reprodutivos das mulheres.

No painel, “O respeito à autonomia da mulher – do acolhimento ao atendimento”, Irotildes Gonçalves Pereira, assistente Social do Hospital Arthur Ribeiro Saboya, destacou o papel desempenhado pelo Serviço Social no atendimento às mulheres vítimas de violência sexual. Ressaltou ainda a importância da sensibilização de profissionais de diferentes áreas que devem compor uma equipe multidisciplinar para o acolhimento e atendimento das vítimas de violência sexual. Na sua avaliação, é fundamental que a mulher que tenha sofrido violência sexual seja bem acolhida e respeitada, além de encaminhada, devidamente, aos serviços especializados para que não coloque sua vida em risco.

Cristião Rosas, ginecologista e obstetra no Hospital Maternidade Escola de Vila Nova Cachoeirinha e representante da Secretaria Municipal da Saúde abordou a atenção à violência sexual e a assistência à mulher vítima de violência sexual, além de mencionar os serviços de atendimento da violência sexual existentes na cidade de São Paulo. Para o médico, não é mais possível ignorar as estatísticas de violência ou abuso sexual no Brasil, país que em 2010 registrou 41 mil estupros e contabiliza cerca de um milhão de abortos clandestinos realizados anualmente. De acordo com o médico, a atenção à violência sexual deve estar disponível em todas as unidades de saúde, hospitais e prontos socorros e deve ser incorporada pelas diferentes áreas necessárias ao atendimento adequado e respeitoso às decisões da mulher.

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