Theatro Municipal apresenta as óperas italianas “Cavalleria Rusticana” e “I Pagliacci”

Com participação da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo e direção cênica de Pier Francesco Maestrini (“Cavalleria”) e William Pereira (“I Pagliacci”), espetáculos estreiam no dia 18 de outubro


Ópera de 1890, de Pietro Mascagni, "Cavalleria Rusticana" inaugurou,
na música erudita italiana, uma corrente artística com princípios realistas
(Foto: Sylvia Masini)

Por Gabriel Fabri

Duas óperas italianas de um ato são apresentadas juntas em outubro, no Theatro Municipal de São Paulo. Tratam-se de “Cavalleria Rusticana” (1890), de Pietro Mascagni, com direção cênica de Pier Francesco Maestrini, e “I Pagliacci” (1892), de Ruggero Leoncavallo, com direção cênica de William Pereira. Os espetáculos trazem a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo com regência de Ira Levin. A estreia acontece no dia 18 e ambos ficam em cartaz até o dia 29. 

Segundo o jornalista Irineu Perpetuo, que ministra uma palestra sobre os espetáculos no dia 11, a ópera de Mascagni, “Cavalleria Rusticana”, inaugurou na música erudita italiana o chamado verismo, uma corrente artística com princípios realistas, mostrando “a vida como ela é”. “Ela abriu, assim, o caminho que seria seguido pelos compositores italianos da segunda metade do século XIX – a chamada Giovane Scuola, os sucessores de Verdi”, explica Perpetuo. Entre todas as óperas que se inspiraram na de Mascagni, a de Leoncavallo foi a que obteve o maior êxito. Após “Cavalleria” inaugurar o verismo, “I Pagliacci” apresenta um manifesto em seu prólogo, confirmando os princípios dessa corrente. 

Ambas as peças mostram personagens que não são aristocratas, mas pessoas comuns. Ambientadas na região sul da Itália, elas trazem o retrato de uma região que, na época, era mais rural que o norte do país. “Mascagni, para dar a cor local, começa a ópera com uma serenata cantada em dialeto siciliano, para depois adotar o idioma italiano”, exemplifica o jornalista. Enquanto “Cavalleria” é uma adaptação de um conto do escritor italiano Giovanni Verga, Leoncavallo dizia que “I Pagliacci” é inspirada em um caso de assassinato que o seu pai, um juiz, julgou em um tribunal da Calábria. Entretanto, Leoncavallo chegou a ser processado por plágio pelo escritor francês Catulle Mendès. 

A temática é outro ponto de aproximação entre as duas obras. “Ambas as histórias giram em torno de tramas passionais, em que o ciúme motiva a violência e a traição é punida com sangue”, comenta Perpetuo. Ele lamenta que essas temáticas continuem bastante atuais. “Qualquer um que tiver estômago para suportar os programas sensacionalistas de televisão, folhear páginas policiais de jornais ou navegar em sites noticiosos da internet poderá constatar que a violência com motivação passional e sua espetacularização continuam, infelizmente, bastante atuais”, provoca.

Em 1913, as duas óperas foram apresentadas juntas pela primeira vez no Theatro Municipal de São Paulo. Ano passado, “Cavalleria” foi apresentada no Municipal junto com a ópera “Jupyra”, do compositor brasileiro Antônio Francisco Braga, ambas com direção de Pier Francesco Maestrini. 

Serviço: Theatro Municipal de São Paulo. Pça Ramos de Azevedo, s/nº, Centro. Bilheteria: 3397-0327. Dias 18, 21, 23, 25, 28 e 29, 20h. Dias 19 e 26, 18h. R$ 40 a R$ 100
|Palestra: Theatro Municipal de São Paulo – Salão Nobre. Centro. Dia 11, 17h. Grátis