Poeta em cena leva ao palco poesia de Glauco Mattoso

Para se referir ao poeta Glauco Mattoso, algumas pessoas usam adjetivos como pós-maldito, marginal e até punk. Mas, afinal de contas, o que ele é? “Tudo isso junto! Alguns me chamam até de poeta da crueldade”, diz ele

À vontade com todos os rótulos, o autor acredita que eles servem a um único propósito: facilitar a comunicação. “As pessoas precisam criar suas referências, e cada um faz isso à sua maneira”, explica.
Quem quiser desvendar se a fama do poeta corresponde ou não à realidade deve assistir ao projeto Poeta em Cena, dia 29, às 20h, na Biblioteca Pública Alceu Amoroso Lima. Na ocasião serão encenados poemas de autoria de Mattoso, com direção de Helder Mariani.
Criador de uma extensa produção literária, composta principalmente por sonetos, que chega, segundo o poeta, a três mil títulos, coube a Mariani a tarefa de escolher quais seriam representados. Com o auxílio do pesquisador Flávio Rodrigo Penteado, o diretor iniciou um criterioso trabalho de imersão na obra de Mattoso, marcada pela diversidade de temas que vai das atividades cotidianas à escatologia. “Não generalizo nada. Isso é resquício do período militar quando combatíamos um inimigo comum. Hoje em dia, minha inspiração vai muito além de críticas ao regime político, caso contrário seria um autor limitado”, revela o poeta.
Para auxiliar na formatação das poesias para teatro, Mariani contou com a assistência da atriz e diretora Denise Weinberg, fundadora do Grupo Tapa. “Um poema foi feito para ser lido. A idéia é que a poesia seja respeitada na íntegra. Não é adaptação, releitura e nem improvisação”, afirma ele.
Iniciado no mês passado, quando o poeta convidado para ter sua obra representada foi Roberto Piva, o projeto deve levar ao palco, até o fim do ano, poemas de autoria de Alice Ruiz e Paulo Ferraz.

|Serviço: Biblioteca Pública Alceu Amoroso Lima. Zona Oeste. Dia 29, 20h. Grátis