Quando entrou em contato com a obra da escritora Carolina Maria de Jesus, a atriz Andréia Ribeiro acredita ter recebido uma espécie de chamado. “Percebi que eu tinha encontrado uma obra de uma grandeza enorme e que era realmente sobre isso que eu precisava falar”, afirma. “O público tinha que saber quem era ela”. O resultado desse encontro foi o monólogo “Carolina Maria de Jesus, Diário de Bitita”, com direção de Ramon Botelho. O espetáculo entra em cartaz dia 9 de novembro, no Teatro Arthur Azevedo.
Carolina nasceu na cidade de Sacramento, em Minas Gerais, e depois mudou-se para São Paulo, onde morou na favela do Canindé. Tendo frequentado a escola por apenas dois anos, a escritora trabalhava como catadora de papel e, no tempo livre, registrava as suas memórias em cadernos. Foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas e, então, publicou seus registros em livro. O primeiro foi “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”, obra que tornou-se um best-seller e projetou a autora mundialmente.
No monólogo, Andréia baseia-se nessa obra e também em “Diário de Bitita”, livro de memórias lançado postumamente. “Fomos atrás da Carolina que vai além do Quarto de Despejo”, conta a atriz, citando figuras da vida da autora que lhe foram emblemáticas, como o avô que contava histórias para ela. “Essa menina com uma vida tão miserável, tão difícil, entendeu muito cedo que os livros poderiam ser um caminho, e ela se apaixona pelos livros e nunca mais os larga”.
Andréia ressalta a necessidade de se falar sobre Carolina Maria de Jesus nos dias de hoje. “Falar dela, nesse momento, é um ato de amor, resistência e coragem”, afirma. “Nos anos 1960, Carolina já denunciava a fome, a miséria, a desigualdade social, o racismo e o machismo”, explica. “São questões importantes quando observamos que ainda estamos muito longe de um país mais igualitário e justo, e de um povo que aceite o outro e suas diferenças”, conclui.
Por Gabriel Fabri
Serviço: | Teatro Arthur Azevedo. Av. Paes de Barros, 955, Mooca, Zona Leste | tel. 2604-5558. De 9/11 a 2/12. Sex. e Sáb., 21h e Dom., 19h. Gratuito. Livre