Apostando na diversidade de programação, o Teatro Arthur Azevedo, na Mooca, palco de temporadas de musicais, teatro e shows, agora recebe uma apresentação de balé clássico.

 
No dia 16, às 21h, a Cia. Brasileira de Danças Clássicas apresenta a suíte “O Casamento”, de um dos balés mais conhecidos do mundo, Dom Quixote, do coreógrafo russo Marius Petipa.

Inspirado no livro homônimo de Miguel de Cervantes, o balé narra a história de amor entre Basílio e Kitri, que enfrenta dificuldades em se unir, já que o pai da moça a havia prometido a outro homem. Na trama, intervêm as figuras de Quixote e Sancho Pança, que, com suas peripécias, acabam contribuindo para o casamento dos dois jovens.

Ambientada em Sevilha, na Espanha, sua primeira apresentação oficial aconteceu dezembro de 1869, pelo Balé Imperial do Teatro Bolshoi, na Rússia. Atualmente, esta é uma coreografia que compõe o repertório das companhias de dança clássica de todo o mundo por sua beleza cenográfica e figurinos que trazem sempre muitos detalhes, remetendo aos costumes andaluzos – e também por evidenciar o virtuosismo técnico e dramático dos bailarinos, que encantam plateias, especialmente no aguardado momento do grand pas de deux.

Dança Clássica em família
Numa época em que a dança é uma manifestação que se torna múltipla, com interfaces cada vez mais integradas a outras linguagens artísticas, como teatro e circo, para assumir uma faceta mais contemporânea, promover a dança clássica é um desafio, embora seja uma forma de balé que atrai um grande número de pessoas.

Guivalde de Almeida, diretor artístico da coreografia, ressalta as exigências para se montar espetáculos desse tipo. “Além de bailarinos de rígida formação específica, as produções necessitam de cenários e figurinos especiais, além de uma equipe de apoio. Há casos em que a orquestra toca ao vivo, deixando tudo ainda mais complexo.”

Ao longo de mais de 40 anos de existência, a Cia. Brasileira de Danças Clássicas, fundada como Especial Academia de Ballet pela bailarina Aracy de Almeida, mãe de Guivalde, tem, regularmente, apresentado alguns dos mais importantes balés do repertório clássico.

Quem é Marius Petipa

Se você gosta de balé clássico, com muitos tutus e sapatilhas de ponta, certamente já assistiu a uma das inúmeras obras do coreógrafo Marius Petipa.

Considerado “o pai” desse estilo de balé, Petipa terá o seu bicentenário de nascimento comemorado em março de 2018. Vindo de Marselha, no sul da França, o também bailarino radicou-se na Rússia e foi tutor de grandes bailarinos clássicos, como Anna Pavlova e Nijinsky.

Sua relação com a dança vem de família: o pai, Jean Antoine Petipa, era dançarino, coreógrafo e professor, fato que influenciou tanto Marius quanto Lucien, seu irmão, a seguirem a mesma carreira. De seu repertório coreográfico, de aproximadamente 50 balés, fazem parte, além de Dom Quixote, A Filha do Faraó, La Bayadère, A Bela Adormecida, entre outros.

Curiosidades sobre o livro Dom Quixote
• No livro, Dom Quixote também recebe o apelido de Cavaleiro da Triste Figura, dado a ele por seu escudeiro, Sancho Pança, ao vê-lo muito machucado após uma de suas batalhas imaginárias;
• O livro é uma das obras literárias que mais inspiraram pintores. Estão entre aqueles que se renderam aos encantos do Cavaleiro da Triste Figura: Delacroix, Cézanne, Picasso, Dalí, Portinari, que produziu uma série sobre o personagem, entre outros;
• Apesar do título do livro em espanhol ser O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha, no Brasil, chamou-se apenas Dom Quixote de La Mancha;
• A história foi lançada em duas partes: uma em 1605 e outra em 1615, somando 126 capítulos, e a obra é considerada, por muitos estudiosos, o primeiro romance moderno da história.

Por Gilberto De Nichile

Serviço: Teatro Arthur Azevedo. Av. Paes de Barros, 955, Mooca, Zona Leste. Tel. 2604-5558. Dia 16, às 21h. R$ 20