Tudo é urgente hoje em dia, e isso se reflete no cotidiano de nove jovens que dividem uma república misteriosa e mal-assombrada, situada em uma grande metrópole. Esse é o ponto central do espetáculo Cobra na Geladeira, escrito pelo canadense Brad Fraser e dirigido por Marco Antônio Pâmio. Inédita no Brasil, a peça traz a partir do dia 3 de agosto, no Centro Cultural São Paulo, debates intensos sobre a indústria do sexo, a dependência química e o consumismo desenfreado.

Com linguagem humorística e mordaz, o texto mantém um ritmo alucinante e ágil, características de Fraser. “É uma peça que não dá respiro, nem para a plateia nem para os atores, de tanta coisa que acontece”, afirma o diretor.

Além da narrativa intensa, o espetáculo se aproxima da linguagem cinematográfica, em que saltos no espaço e no tempo acontecem constantemente. Nesse cenário, a encenação revela personagens que, cada um a seu modo, vendem-se e rendem-se às tentações que aparecem pela frente, como se vivessem à beira de um abismo diário. “Todos eles são igualmente ricos e interessantes, é como se cada um representasse algum tipo de questão vivida nos dias de hoje”, explica Pâmio.

Com poucos elementos realistas, a peça tem outro personagem importantíssimo: a casa mal-assombrada. É nela que acontece a maior parte das transformações na trajetória do enredo. “Mais que mal-assombrada, a casa tem uma força, um poder tanto de atração como de repulsa. E, em certos momentos, ela é até capaz de ‘falar’ com alguns dos personagens.”
Sobre o nome da peça, o autor aponta que na história existe uma cobra tida como morta, que é guardada dentro da geladeira da casa. A existência dela tem uma representação pessoal para cada um dos personagens. “Falar mais é dar spoiler, brinca o diretor.

Por Aryanne Valgas

Apresentações
Centro Cultural São Paulo – Sala Jardel Filho. R. Vergueiro, 1.000, Paraíso. Próximo da estação Vergueiro do metrô. Centro. | tel. 3397-0001 e 3397-0002 +16 anos. 100 min. De 3/8 a 16/9. 6ª e sáb., 21h. Dom., 20h. R$ 30