O Cabaré das Tias leva a irreverência dos saraus poéticos às casas de cultura

Apresentações acontecem nos dias 31 de janeiro e 17 e 23 de fevereiro

“Ninguém mais lê poesia, ninguém conhece”, ironiza a atriz Maria do Carmo Soares. Para poder declamar em público os versos que sempre gostou de ler, ela teve a ideia de criar O Cabaré das Tias. “Eu sou do tempo no qual recitar era só em sala de aula”, conta. “Pensei então em montar, inicialmente, um sarau descontraído e ver como as pessoas reagiriam.”

Neste mês, a apresentação chega à Casa de Cultura Vila Guilherme, no dia 17, e de Santo Amaro, no dia 23, a convite do 70+, projeto que dá visibilidade ao trabalho de artistas veteranos. Além de Maria do Carmo, o sarau ganhou o reforço de outras três senhoras: Cibele Troyano, Jô Rodrigues e Salete Fracarolli, que, sob a direção de Ligia Pereira, assumem papéis diversos, como os de Ingênua, Dama ou Vilã.

Inspirados nos cabarés dos anos 20, o figurino e a caracterização das atrizes contam com roupas pretas básicas, botas, batom vermelho e um toque pessoal de cada uma na escolha dos acessórios. Para dar um tom intimista, a iluminação principal é a de um abajur. Após uma cuidadosa seleção de textos antigos, que inclui poesias escritas em sua maioria até o século XX, Maria do Carmo chamou Tato Fischer para musicar os poemas com gêneros como fado, valsa, samba-canção e rap. Embora haja muita música, as quatro atrizes não dançam coreografias burlescas ou sensuais, como nos cabarés. “A gente faz dois passos para lá e um para cá”, explica a atriz. “É simples, mas eficaz, todo mundo gosta”. No palco, elas são acompanhadas pelo músico Sérvulo Augusto.

Se poesia pode parecer uma coisa séria, as “tias” se esforçam para que o espetáculo seja o contrário disso. “Virou uma comédia porque a gente brinca em cima dos textos”, afirma a atriz. Apesar da forte comicidade e da presença de poemas eróticos, Maria do Carmo esclarece que, no seu cabaré, tudo é muito elegante. “Somos mulheres mais velhas e eu queria que tudo fosse muito delicado, que não chocasse as pessoas. Não tem malícia, pornografia, nada”, afirma.

Composto por 40 poemas, o espetáculo conta com obras como Definição do Amor, de Gregório de Matos; “A Bela Teta” e O Monge e a Velha, de Clément Marot; “Gosto de Rapazes”, de Goethe; e Bacurinha, do Pastoril do Velho Faceta, manifestação folclórica de Pernambuco.

Por Gabriel Fabri

Serviço: Casa de Cultura M’Boi Mirim. Av. Inácio Dias da Silva, s/nº - M’Boi Mirim. Zona Sul. Tel.: 5514-3408. Dia 31/1, 15h
Casa de Cultura Vila Guilherme - Casarão. Praça Oscar Silva, 111 - Vila Guilherme. Tel.: 2909-0065. Dia 17/2, 18h
Casa de Cultura Santo Amaro. Pça Praça Floriano Peixoto, 131 - Santo Amaro. Zona Sul. Tel.: 5523-6455. Dia 23/2, 20h
Grátis