Musical “Forever Young” ganha curta temporada no Teatro Arthur Azevedo

Com direção de Jarbas Homem de Mello, musical fica em cartaz até o dia 26 de novembro

 “Como você quer estar daqui a 20, 30 ou 40 anos? Como gostaria de ser tratado?”. Essas são as reflexões que o espetáculo Forever Young deixa para o público, segundo seu diretor Jarbas Homem de Mello. Entre os dias 3 e 26 de novembro, o musical volta aos palcos em temporada popular, no Teatro Arthur Azevedo. A produção foi indicada ao Prêmio Bibi Ferreira 2017 em seis categorias, entre elas Melhor Musical, Diretor, Diretor Musical (Miguel Briamonte) e Atriz (Paula Capovilla).

 A história é ambientada em um retiro de artistas, no ano de 2057. Exceto a sádica enfermeira, interpretada por Nany People, todos os atores vivem personagens com os seus próprios nomes, só que bem mais idosos do que eles e que revelam suas identidades por meio do bom e velho rock’n’roll.

Para o diretor, o musical é uma comédia divertida que olha para a velhice com dignidade. “É possível envelhecer com alegria, vivendo e realizando sonhos”, sintetiza Homem de Mello. Os atores interpretam um repertório diversificado, que inclui I Love Rock’n’ Roll, Smells Like a Teen Spirit, I Will Survive, além da canção que dá nome ao espetáculo, Forever Young, da banda alemã Alphaville.

Com vasta experiência como ator de musicais, Homem de Mello protagonizou obras como Crazy for You, pela qual ganhou o Prêmio Bibi Ferreira 2014 de Ator, Chaplin - O Musical e, atualmente, pode ser visto em Cantando na Chuva. Segundo o diretor, que também esteve no elenco de Forever Young nas temporadas anteriores, o maior desafio, tanto para ele como diretor, quanto para os intérpretes, é fazer o público acreditar nos atores adultos interpretando idosos. “Todos os números musicais são bem difíceis, justamente por não buscarem o virtuosismo da performance e sim o detalhe do gesto, a essência do movimento”, explica. A ideia é que os atores experimentem uma limitação nos seus corpos. “A escolha foi justamente por esse desafio, para interagir com o fato de que todos passaremos por isso um dia – se tudo der certo (risos).”

Desafio vocal

O ator e cantor Saulo Vasconcelos confessa que seu grande desafio neste musical foi justamente o vocal. “Tive que entender que eu não poderia cantar com a minha voz, ela teria que ser um pouco mais desgastada”, explica ele, que interpreta um senhor ranzinza e apaixonado. “Fui criando uma voz um pouco mais fina, mais arranhada, e o resultado ficou bem interessante”. Essa afirmação é abalizada por seu extenso currículo nos palcos, já que protagonizou papéis consagrados, como O Fantasma da Ópera, A Bela e a Fera, além de recentemente ter dublado o semideus Maui na animação da Disney indicada ao Oscar, Moana - Um Mar de Aventuras.

Para a construção de seu personagem, Vasconcelos preocupou-se em entender o movimento de uma pessoa com mais idade e também a sua relação com uma bengala. “Você tem que se habituar a andar com ela como se já fizesse aquilo há muitos anos, para que ela se torne uma espécie de extensão do seu braço”, conta. Durante esse processo, o cantor observou aspectos da fala de sua própria mãe e algumas características de seu sogro, como os trejeitos para se comunicar com as mãos. “Meu personagem é um pouquinho ranzinza graças a ele!”, brinca. Apesar disso, Saulo acredita ter interpretado da maneira que gostaria de ser quanto tivesse 93 anos. “Trouxe 80% de mim”, afirma. “Uni um pouquinho do meu sogro com a minha mãe, e aí deu o meu velhinho querido!”, conclui.

Por Gabriel Fabri

Serviço: Teatro Arthur Azevedo. Av. Paes de Barros, 955, Mooca, Zona Leste | tel. 2604-5558. De 3 a 26/11. 6ª e sáb., 21h. Dom., 19h. R$ 30.?+10 anos. 100 min.