Brincadeiras e interpretações que levam a plateia ao riso, sem deixar de passar uma mensagem em cada produção, são os ingredientes que fizeram o grupo LaMínima chegar aos 20 anos de uma trajetória artística de sucesso (veja rodapé na página 22). Para festejar, seus atores e palhaços levam ao Teatro João Caetano uma mostra com quatro espetáculos da companhia, considerada uma das mais importantes de circo e teatro do país.

Especialmente escrito para as comemorações, Pagliacci foi idealizado pelos fundadores do grupo, Fernando Sampaio e Domingos Montagner (palhaço e ator morto no ano passado). A história foi livremente adaptada por Luis Alberto Abreu da ópera homônima de autoria de Ruggero Leoncavallo, e acompanha o palhaço Sílvio que se apaixona por Nedda, mulher de Canio, chefe de uma trupe circense. Para tornar o grupo famoso e respeitado pelo público e pela crítica, Canio decide levar ao palco, em vez dos tradicionais números e esquetes de circo, peças que exponham as grandes emoções humanas.
Assim como fazer um melodrama tornou-se um grande desafio para os palhaços da ficção, na realidade do La Mínima não foi diferente. “Um dos pontos que mais chamava a atenção na atualização do enredo do século XIX foi inserir a comédia dentro da grande tragédia”, conta Sampaio.

Pagliacci foi indicado pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), em 2017, aos prêmios de Melhor Ator (Sampaio), Diretor (Chico Pelúcio) e Autor.

A Noite dos Palhaços Mudos
Também fazem parte da mostra os espetáculos A Noite dos Palhaços Mudos, À La Carte e Reprise. No primeiro, palhaços são perseguidos por uma seita que quer exterminá-los. Em uma dessas caçadas, um deles perde o nariz e um outro desaparece. Ao se reencontrarem, eles partem em busca do órgão e, nessa empreitada, retratam conflitos de intolerâncias culturais. Adaptada de uma HQ de Laerte, a peça propiciou o Prêmio Shell 2008 de Melhor Ator para Montagner e Sampaio, além do Prêmio da Cooperativa Paulista de Teatro de Melhor Elenco.

À La Carte
Em À La Carte, duas pessoas vivem na periferia de um subúrbio perdido no tempo e no espaço. No espetáculo, são apresentadas técnicas circenses e números musicais que buscam reavivar a memória da época em que o palhaço era um observador crítico do comportamento humano, um tipo de poeta que exaltava a sátira contra a violência e a crueldade.

Reprise
Reprise acompanha dois palhaços que descobrem terem sido contratados pela mesma pessoa para se apresentarem no mesmo horário. ?A confusão desencadeia uma série de disputas entre eles que, no final, descobrem terem muito a oferecer mutuamente, dividindo o palco e interagindo divertidamente com o público.

LaMínima: o começo
A trajetória de sucesso do LaMínima começou quando Fernando Sampaio e Domingos Montagner se conheceram no Circo Escola Picadeiro e fizeram, em 1997, seu primeiro esquete, As Bailarinas. Desde então, não se separaram mais.
“Provavelmente a nossa admiração pela arte do palhaço e a paixão pelo circo nos uniu nessa trajetória”, conta Sampaio. “Ser palhaço é um ofício muito especial, pois o artista exerce a generosidade e a humildade, ao mesmo tempo em que é romântico, anárquico e cruel. Provavelmente, a mais enlouquecida expressão do cômico”, afirma.
Sobre a comemoração dos 20 anos, Sampaio fala do orgulho que sente pela trajetória do grupo. “Fico muito feliz de ter gerado tantos espetáculos, e por todas as pessoas que trabalharam conosco neste tempo todo.”

Serviço: Teatro João Caetano. Rua Borges Lagoa, 650, Vila Clementino. | tel. 5573-3774 De 09/11 a 15/12.
Pagliacci?+14 anos. 90 min. De 3 a 12. 6ª e sáb., 21h. Dom., 19h. Grátis
A Noite dos ?Palhaços Mudos ?Livre. 55 min. Dias 16 e 17, 21h. R$ 10
Reprise ?Livre. 50 min. ?Dias 18 e 19, 16h. R$ 10
À La Carte ?Livre. 60 min. Dia 18, 21h. ?Dia 19, 19h. R$ 10