A travesti Agrado, de Tudo Sobre Minha Mãe, é a personagem favorita dos integrantes da banda Quiero ser una chica Almodóvar, dentre todas as protagonistas da filmografia do cineasta espanhol. “A ironia dela diante dos conflitos nos faz enxergar a vida de forma mais firme, simples e clara”, explica Myrko Yamanouth, que integra o trio ao lado de Wylmar Santos e Rodrigo Schiavon. O grupo se inspirou nela e em outras heroínas dos filmes de Almodóvar para criar o show que chega ao Teatro Décio de Almeida Prado, com uma única apresentação no dia 9 de junho.

O nome da banda vem da música “Quiero ser una chica Almodóvar”, de Joaquín Sabina, presente no repertório. Yamanouth explica que uma “garota de Almodóvar” (em tradução livre) significa uma mulher comum e que não tem medo de ser o que é. “Elas são apaixonadas, sinceras, ingênuas e espertas na mesma medida e, além de tudo, fortes e corajosas”, pontua Yamanouth. “Em cada uma há algo de semelhante em nós ou há algo que gostaríamos de ter ou ser”.

Trazer para o palco a atmosfera dos filmes de Almodóvar foi um desafio para a banda. “Os filmes de Almodóvar vão muito além das figuras femininas e suas cores marcantes”, explica. “São filmes perturbadores e engraçados ao mesmo tempo. Foi esse recorte que a gente quis trabalhar”. Figurino, iluminação, cenários e a escolha de músicas – tudo traz elementos que dialogam com esse universo do diretor e com os seus temas mais profundos, como a liberdade e a sexualidade.

Quanto à sonoridade do grupo, Yamanouth pontua que ela poderia ser considerada world music, mas prefere definir como uma mistura bem brasileira de ritmos. “Nas canções tem cúmbia colombiana, flamenco, carimbó, pop rock, salsa, bolero...”, conclui.

Por Gabriel Fabri

|Teatro Décio De Almeida Prado. R. Cojuba, 45, Itaim Bibi. Zona Oeste.| tel. 3079-3438. Dia 9, 21h. R$ 20. 16 Anos