João Moreira Salles participa de debate sobre Godard

Encontro integra a programação do Explosão 68, que acontece dia 24, no CCSP, e conta também com a presença da pesquisadora Ivana Bentes

Um dos nomes mais importantes da Nouvelle Vague francesa, o cineasta Jean-Luc Godard promoveu, quase uma década depois da estreia de Acossado (1960), uma radicalização na sua carreira. Foi após a recepção negativa de A Chinesa no Festival de Cannes, em 1967, que o cineasta resolveu romper de vez com o cinema comercial, aumentando ainda mais os seus experimentalismos estéticos e realizando filmes de cunho mais político. Assim, tornou-se uma figura emblemática para o movimento de estudantes de maio de 1968 e, influenciado por eles, criou um grupo de cinema experimental, o Dziga Vertov.

Debatendo a importância e a influência do cineasta para os jovens desse período, o Centro Cultural São Paulo promove, em parceria com a Todavia Livros, um debate com o documentarista João Moreira Salles e com a pesquisadora Ivana Bentes, no dia 24. O evento integra a programação do projeto Explosão 68, que inclui uma série de atividades em função dos 50 anos do movimento de maio de 68, incluindo uma mostra de cinema, entre os dias 24 e 27, com a exibição de dois filmes de Godard: A Chinesa (1967) e Sympathy For The Devil (1968).

Para Moreira Salles, Godard tornou-se emblemático para a juventude da época, pois já tinha no currículo filmes inovadores e consagrados, como Viver a Vida e O Demônio das Onze Horas. “O cinema era a arte do momento, e nela, àquela altura, não havia ninguém mais revolucionário do que Godard”, explica o diretor de No Intenso Agora, documentário que revisita o movimento de maio de 1968. “Era natural que o homem que mudou o cinema se confundisse com a garotada que imaginava estar mudando o mundo”, completa.

Questionado sobre os experimentalismos do diretor após 1968, Moreira Salles não se entusiasma. “Não acho que 68 tenha feito bem a Godard”, revela. “Sou apenas um espectador dos filmes dele e muitos me parecem magníficos. Mas, geralmente, os que antecedem 1968”. Quanto ao grupo Dziga Vertov, Moreira Salles acredita que o coletivo funcionava melhor na teoria do que na prática. “Esses filmes são um beco sem saída”, critica. Para o documentarista, a proposta de “dessacralização do autor” de Godard é falsamente igualitária e acabou por negar reconhecimento aos envolvidos, que se submetiam ao coletivo. “Hoje pouca gente sabe quem são os cineastas desconhecidos, e muitos menos os não-cineastas que participaram daqueles projetos. Mas sabemos de Godard”, conclui.

Após o debate, acontece o lançamento do livro Um Ano Depois (Todavia Livros), de Anne Wiazemsky, que fala sobre o convívio da atriz de A Chinesa com o cineasta.

Por Gabriel Fabri

Confira a programação completa no site do CCSP: http://centrocultural.sp.gov.br/site/eventos/evento/explosao-68/