Companhia do Feijão apresenta peça inspirada na vida de Mário de Andrade

“Manuela” conta a história do escritor e será encenada na Biblioteca Mário de Andrade nos dias 4 e 11 de dezembro

 Mário de Andrade havia comprado uma máquina de escrever e lhe dado o nome de Manuela. Em uma das suas cartas para Manuel Bandeira, conta com entusiasmo que isso foi feito em homenagem ao amigo. Com o objetivo de desenvolver uma narrativa que explorasse o ponto de vista da máquina, o grupo Companhia do Feijão estreou, em 2015, a peça “Manuela”. A montagem explora a obra de Mário de Andrade e conta um pouco da sua trajetória de vida. Em dezembro, o núcleo retoma o espetáculo e faz duas apresentações, nos dias 4 e 11, na Biblioteca Mário de Andrade.

“Nunca imaginei que meu estudo sobre correspondências trocadas entre grandes amigos escritores fosse resultar num texto teatral. Mário de Andrade foi um grande artista porque pensava e se manifestava em vários aspectos. Do popular ao erudito, da medicina à música, da literatura às artes plásticas. Acho que mexi em um vespeiro de inspirações e descobertas, me redimensionei como artista e escrevi a peça”, conta a autora e atriz Vera Lamy, que interpreta Manuela, ou seja, a máquina de escrever.

“Manuela” é um espetáculo inspirado nas poucas saídas de Mário de Andrade da sua casa na Rua Lopes Chaves. Cada episódio contado pela máquina corresponde a uma viagem ou mudança na vida do autor. As cenas mais marcantes são quando ela relembra os momentos em que esteve na mala durante as expedições folclóricas de 1929, o tempo em que o romance “Macunaíma” estava sendo criado e o exílio do escritor para o Rio de Janeiro. “A máquina, Mário e as suas obras aparecem de acordo com a história que está sendo contada, ou seja, os personagens estão a serviço da narrativa”, explica Lamy.

A trilha sonora é outro elemento fundamental na apresentação. Em cena, o compositor Antonio Lincoln executa 19 canções originais que compõem a dramaturgia e direcionam o enredo trazendo a força das imagens e acontecimentos através das palavras. “Lincoln usa vários instrumentos no palco e coloca o espírito e conhecimento marioandradiano na música. Nós dois juntos criamos uma história de amizade entre a máquina e a viola”, conclui Lamy.

Por Juliana Pithon

Serviço:
| Biblioteca Mário de Andrade.
Rua da Consolação, 94. Consolação. Próximo da estação Anhangabaú do metrô. Tel. 3775-0002. Livre. Dias 04/12 e 11/12, 19h. Grátis