Cia. Mungunzá de Teatro encena duas novas peças no Teatro João Caetano

“Poema suspenso para uma cidade em queda” entra em cartaz a partir do dia 1º de outubro e a infantil “Era uma era” estreia dia 3


“Poema suspenso para uma cidade em queda” fala sobre o sentimento
de imobilidade do homem contemporâneo (Foto: Mariana Beda)

Por Letícia Andrade

Desde sua fundação em 2006, a Cia. Mungunzá de Teatro, formada apenas por atores, busca parcerias conceituadas para a direção de suas montagens. Já em seus dois primeiros trabalhos, o diretor convidado Nelson Baskerville levou o grupo a ganhar mais de 30 prêmios teatrais, entre eles, o Shell e o APCA. Depois das temporadas de sucesso dos premiados “Por que a criança cozinha na polenta” e “Luís Antônio - Gabriela”, a companhia desponta com duas produções: a adulta “Poema suspenso para uma cidade em queda”, que entra em cartaz dia 1º, no Teatro João Caetano; e a infantil inédita “Era uma era”, dia 3, no mesmo local.

Sobre o palco, uma estrutura de andaimes de cinco metros de altura ambienta os cenários dos dois espetáculos, que tratam de assuntos pertinentes à sociedade. Em “Poema suspenso para uma cidade em queda”, o diretor convidado, Luiz Fernando Marques, conta que o texto busca provocar um estranhamento, mas também uma identificação do público pelo que vê em cena. “Tudo tem um tom poético que bebe do real, do urbano e da nossa situação”, afirma o encenador, que é também responsável pela direção do Grupo XIX de Teatro.

Baseado em experiências dos próprios atores, o texto fala sobre o sentimento de imobilidade que toma as pessoas hoje em dia: o de querer mudar tudo, mas não se mover para alterar nada. Para construir essa sensação de paralisia, o drama parte da história de uma pessoa que cai do um topo de um prédio e não chega ao chão. Os anos passam e a queda não se concretiza, enquanto isso os moradores dos apartamentos vivem histórias inacabadas.

Os mesmos módulos vazados do andaime, que remetem a um edifício, passam a representar, no espetáculo infantil, as casas de um reino. “Era uma era” é inspirado na obra “O decreto da alegria”, de Rubens Alves, e acompanha as desventuras de um rei que tenta, a qualquer custo, fazer parte da história. Para isso, documenta em um livro a fundação de seu reinado e seus feitos. Mas um incêndio destrói todos os papéis e os habitantes precisam reescrever esses registros em uma nova época, a da tecnologia. A peça não pretende passar nenhuma mensagem, mas servir para reflexões. “Queremos mostrar que as novas mídias estão presentes em todas as faixas etárias. Por isso, elas devem ser um elo e não um conflito de separação”, afirma a autora e atriz Verônica Gentilin, que assume a direção desse espetáculo.

Serviço: | Teatro João Caetano. Rua Borges Lagoa, 650, Vila Clementino. Próximo da estação Santa Cruz do metrô. Zona Sul.
| tel. 5573-3774 e 5549-1744.

 “Poema suspenso para uma cidade em queda”. +16. De 1º/10 a 22/11. 5ª a sáb., 21h. Dom., 19h; “Era uma era”. Livre. De 3/10 a 22/11. Sáb. e dom., 16h. Grátis (retirar ingresso, até um par por pessoa, a partir de uma hora antes)