Peça “1915”, de Rogério Rizzardi, rememora centenário de genocídio armênio

Espetáculo fica em entre os dias 25 de setembro e 25 de outubro no Teatro Leopoldo Fróes


A peça traz histórias inspiradas em relatos de acontecimentos reais (Foto: Thiago Coelho) 

Por Gabriel Fabri

Em abril deste ano, o genocídio da população armênia pelo Império Turco-Otomano, atual Turquia, completou cem anos. O episódio serviu de inspiração para Adolf Hitler, quando o chefe de Estado nazista ordenou que os poloneses fossem assassinados. Uma frase do ditador, para justificar o ato, entrou para a história: “Quem, afinal de contas, fala hoje da aniquilação dos armênios?”. Tendo em vista que essa tragédia ainda é pouco conhecida – e tampouco é reconhecida pela Turquia ou pelo governo federal brasileiro, por exemplo -, a peça “1915”, com direção de Rogério Rizzardi, conta a história de alguns sobreviventes do massacre.  A preço popular de 10 reais, o espetáculo fica em cartaz no Teatro Leopoldo Fróes de 25 de setembro a 25 de outubro. 

Escrita pelo dramaturgo armênio Arthur Haroyan, a encenação trabalha com dois núcleos narrativos. O primeiro traz quatro viúvas que relembram os horrores do genocídio, enquanto o segundo reproduz episódios que aconteceram segundo relatos colhidos por Haroyan, que escutou, inclusive, pessoas próximas de sua família. 

Segundo Rogério Rizzardi, o espetáculo esbarra no desconhecimento do público sobre o episódio. “As pessoas não conhecem o genocídio e sabem muito pouco sobre a Armênia, que foi o primeiro país cristão”, declara. Ele conta até que já perguntaram a ele se a peça era sobre a estação de metrô, que leva o nome do país em homenagem à comunidade de imigrantes que se instalou na Zona Norte de São Paulo. “O desconhecimento é total”, pontua.

Rizzardi ressalta que a importância de conhecer esse episódio vai muito além da questão histórica. “Os conflitos religiosos são uma realidade ainda hoje. Você vê isso no Iraque e na Síria, por exemplo, com a ascensão do Estado Islâmico”, explica. Em decorrência do preconceito religioso, os armênios se tornaram uma espécie de bode expiatório para o Império Turco-Otomano, que adotava a religião muçulmana. E, assim como os judeus na II Guerra Mundial, o extermínio da população armênia foi tratado como um programa de governo pelo Estado, que já se encontrava em decadência. O império foi abolido alguns anos depois, em 1923, com a proclamação da República da Turquia. 

Ainda hoje, a Turquia não reconhece o genocídio, creditando as mortes à fome e às baixas da I Guerra Mundial, conflito em que lutou contra a Rússia. Neste ano de 2015, o parlamento europeu reconheceu o massacre, assim como o Senado Federal brasileiro, que aprovou, em junho, um ato de solidariedade ao povo armênio. 

Serviço: Teatro Leopoldo Fróes. Rua Antonio Bandeira 114. Zona Sul. | tel. 5541 7057. De 25/9 a 25/10. 6ª e sáb., 20h. Dom., 19h. R$ 10