Clássico de Shakespeare ganha versão intimista na Galeria Olido

#SomosTodosOtelo do Núcleo Teatral Simbiótico estreia dia 29 de setembro


Em cena, os quatro atores da peça se revezam
entre 12 personagens (Foto: Divulgação)


Por Letícia Andrade


 A tragédia “Otelo, o Mouro de Veneza”, de William Shakespeare, sobrevive há quatro séculos com a mesma carga dramática de quando foi escrita em 1603. Os sentimentos de amor, traição, racismo e ciúmes da história já inspiraram montagens teatrais em diversas partes do mundo. Com uma proposta de inovação, o Núcleo Teatral Simbiótico encena “#SomosTodosOtelo”, versão intimista do clássico de Shakespeare, entre os dias 29 de setembro e 7 de outubro, na Galeria Olido.

Na nova montagem, o grupo decidiu aproximar o clássico do teatro pós-moderno. Segundo o diretor Caetano Martins, não houve mudanças significativas na linguagem, apenas alguns recortes específicos para enxugar o texto. “Dividimos a história em 13 cenas. Em cada uma delas mudamos os personagens, fazendo com que os atores troquem os papéis na frente da plateia”, pontua Martins, sobre a concepção deste formato.

Em cena, os quatro atores se desdobram para mostrar as desconfianças do pai de Desdêmona pelo amor de Otelo, além de acompanharem os planos de maldade que, por inveja, o suboficial Iago submete o casal. De acordo com o ator Gabriel Marttin, o maior desafio foi a representação das mulheres, principalmente a protagonista. “Queríamos deixar a peça interessante sem tirar nenhuma parte importante. É uma proposta ousada, porque ninguém mexe em uma peça de Shakespeare assim”, acredita.

A ausência de cenário e figurino auxilia na troca entre os 12 personagens da história. “Vestimos apenas uma bata preta que permite que não nos deixe tão masculino ou feminino. Dedicamos bastante tempo na tensão do corpo para diferenciar cada personagem”, conta Marttin, que só não encena Brabâncio, pai de Desdêmona.

No texto original, o sentimento mais marcante é o racismo. Já na releitura, o foco maior ficou no sentimento de Iago. “Apesar do Otelo ser o protagonista, a inveja foi o que mais chamou a nossa atenção. Focamos bastante nela e na paixão”, observa Marttin. A trilha sonora composta pelo músico Giovanni Di Ganzá exerce um papel importante nas interpretações, reforçando o espírito de cada personagem.

Em “#SomosTodosOtelo”, os atores querem que todos se sintam dentro das encenações como se pudessem ser qualquer personagem, conforme sugere o título. “A plateia faz parte da cena. Será que às vezes não se identifica com Iago ou outro? Em alguns momentos, passamos entre o público para trazê-lo mais para essa história”, finaliza Marttin.

Serviço: Galeria Olido – sala café. Av. São João, 473. Próximo das estações República, Anhangabaú e São Bento do metrô. Centro. | tel. 3331-8399 e 3397-0171.  De 29/9 e 30/09. De 6/10 e 7/10. 3ª e 4ª, 20h. +12. 50 min. Grátis (retirar ingresso, um por pessoa, a partir das 19h).