“Quase Samba” ganha sessões gratuitas em seis bibliotecas públicas

Filme dirigido por Ricardo Targino é exibido no projeto "Em Cena: Debates Contemporâneos”


Cadu Fávero interpreta a travesti Shirley

Por Gabriel Fabri

Uma fábula sobre a família contemporânea. É assim que o cineasta Ricardo Targino define seu primeiro longa-metragem, “Quase samba”, lançado há pouco nos cinemas e que chega com sessões gratuitas em seis bibliotecas públicas no mês de agosto. Em um mundo em que os gêneros não são mais simplificados apenas em “homem” e “mulher”, o filme retrata uma família não convencional, composta por uma mulher grávida de oito meses, seu filho pequeno e uma amiga, a travesti Shirley (Cadu Fávero). “A provocação que fazemos é em relação à identidade de gênero, demonstrada nessa tentativa de ampliar o conceito de família”, explica Targino.

Ao contar a história de Teresa (Mariane de Castro), uma cantora de samba cobiçada por dois homens –entre eles, o violento policial interpretado pelo cantor Otto–, o longa-metragem opta por suspensões de narrativas e algumas poéticas internas, mostrando o cotidiano de uma periferia no Brasil com uma abordagem sensível. “Acho que o amor na vida faz coisas que a gente nem acredita, e o filme incorpora isso, tentando transcender o real”, declara o diretor. Ele exemplifica com a questão da violência, que não é abordada em sua forma física (o único momento em que se vê sangue é no parto). “Nós colocamos a violência fora de quadro para desnaturalizá-la”, completa. 

Em cena, destacam-se as cores, a purpurina e, é claro, o samba. “Nós precisamos narrar o Brasil sem a desqualificação compulsiva que caracteriza a narrativa da elite”, justifica Targino. E a música tem papel de destaque nesse processo por ser parte da alma do brasileiro. No filme, ela é também um recurso que visa tocar a sensibilidade do espectador. “Para contar uma história que é dura, uma tragédia, nossa opção foi pela música e pela poesia como caminhos de redenção”, explica. 

Targino classifica “Quase samba” como um filme “transgênero”. O longa reúne elementos da comédia, do romance, do drama e do policial e tem a preocupação de dialogar com um amplo público, principalmente o que não está acostumado a ir ao cinema. “Eu fiz um filme sobre o povo e para o povo”, sintetiza. Em tempos em que cresce a intolerância, o cinema é mais que um entretenimento, é um meio de sensibilizar as pessoas e, por consequência, mudar o país. “Eu acho que só a cultura expulsa coisa ruim das pessoas”, conclui. 

Integrando o projeto “Em Cena: Debates Contemporâneos”, feito em parceria com a Taturana Mobilização social, as sessões de “Quase Samba” chegam às bibliotecas Pedro Nava (dia 5), Viriato Corrêa (dia 7), Adelpha Figueiredo (dia 7), Milton Santos (Dia 13), Padre José de Anchieta (dia 14) e Paulo Setúbal (dia 25). Além de “Quase Samba”, o projeto leva para as bibliotecas em agosto o novo filme de Lucia Murat, “A Nação Que Não Esperou Por Deus”, e “Um Diálogo sobre Energia”, dirigido por Marta Maia e Sergio Zeigler.

Serviço: Diversos Espaços. Grátis. 

QUASE SAMBA
(Brasil, 2015, 82 min). Dir.: Ricardo Targino. Com João Baldasserini, Cadu Fávero, Mariene de Castro, o cantor Otto e outros. +16 anos. Parceria: Taturana Mobilização Social. 
O longa dialoga com o universo do samba e acompanha a história de uma cantora de rádio que, no último mês de gravidez, é disputada por três homens. Ela divide o lar com seu filho pequeno e uma amiga travesti.
| BP Pedro Nava. Rua Helena do Sacramento, nº 1.000 – Mandaqui. Zona Norte. | tel. 2973-7293. Dia 5, 14h  
| BP Viriato Corrêa. R. Sena Madureira, 298, Vila Mariana. Zona Sul. | tel. 5573-4017 e 5574-0389.  Dia 7, 15h  
| BP Adelpha Figueiredo. Pça Ilo Ottani, 146, Pari. Zona Leste. | tel. 2292-3439. Dia 7, 16h  
| BP Milton Santos. Av. Aricanduva, 5.777, Jardim Aricanduva. Próximo do Shopping Aricanduva. Zona Leste. | tel. 2726-4882. Dia 13, 14h30  
| BP Padre José de Anchieta. R. Antônio Maia, 651, Perus. Zona Norte. | tel. 3917-0751. Dia 14, 14h  
| BP Paulo Setúbal. Av. Renata, 163, Vila Formosa. Zona Leste. | tel. 2211-1508 e 2211-1507.  Dia 25, 15h                                                                                                   

A NAÇÃO QUE NÃO ESPEROU POR DEUS
(Brasil, 2015, 89 min). Dir.: Lucia Murat e Rodrigo Hinrichsen. Com Ademir Matchua, Adeilson Silva, Alvanir Matchua e outros. Livre. Parceria: Taturana Mobilização Social. 
O documentário gira em torno da tribo indígena Kadiwéu que vive no Mato Grasso do Sul. A luz elétrica, a televisão e as igrejas evangélicas chegaram ao local, além da luta de terra dos kadiwéu contra os pecuaristas. 
| BP Alceu Amoroso Lima. Av. Henrique Schaumann, 777, Pinheiros, Próximo da Praça Benedito Calixto. Zona Oeste. | tel. 3082-5023 e 3063-3064. Dia 19, 16h  
| BP Mário Schenberg. R. Catão, 611, Lapa. Zona Oeste. | tel. 3672-0456 e 3675-1681. Dia 28, 16h  

UM DIÁLOGO SOBRE ENERGIA
(Brasil, 2013, 52 min). Dir.: Marta Maia e Sergio Zeigler. + 14 anos. Parceria com Bossa Nova Filmes.
O documentário levanta a discussão sobre as fontes de energia, seus riscos, vantagens, desvantagens e de como estamos nos colocando diante do problema na busca de energia para transformação, seja ela material ou espiritual, vital ou teórica.
|BP Gilberto Freyre. R. José Joaquim, 290, Sapopemba. Zona Leste. | tel. 2143-1811 e 2227-2453.  Dia 7, 14h (após a exibição, ocorre um bate-papo com o diretor do filme, Sérgio Zeigler).
| BP Paulo Setúbal. Av. Renata, 163, Vila Formosa. Zona Leste. | tel. 2211-1508 e 2211-1507.  Dia 11, 15h (após a exibição, ocorre um bate-papo com os diretores do filme, Marta Maia e Sérgio Zeigler)