Projeto de reabilitação da Vila Itororó terá atividades abertas ao público

Reabilitação da Vila Itororó começa com a abertura de seu canteiro de obras como centro cultural temporário.


A Vila Itororó, localizada no bairro do Bixiga, passa por um processo de restauração e renovação e irá inaugurar uma nova geração de equipamentos culturais, concebidos, desenvolvidos e geridos de maneira compartilhada, em diálogo com as demandas da população local, seguindo um processo participativo inédito e inovador.

O projeto de renovação da Vila é baseado na proposta dos arquitetos Décio Tozzi e Benedito Lima de Toledo. Enquanto mantém as principais características do conjunto arquitetônico, cria uma nova infraestrutura para que a Vila Itororó possa funcionar de acordo com as normas atuais e em diálogo com a as expectativas com relação a esse espaço.

A partir do 10 de abril, às 19h, o público poderá visitar o canteiro de obras, conhecer o projeto e propor soluções e abordagens em consonâncias com suas expectativas, enquanto os primeiros edifícios são restaurados para serem reabertos a partir de 2016.

A história da Vila

A Vila Itororó foi construída como conjunto residencial de casas de aluguel pelo imigrante português Francisco de Castro em 1922, em homenagem ao centenário da independência do Brasil. O nome da Vila Itororó tem sua origem na fonte homônima Itororó – “água barulhenta” em tupi – que continua viva no local. A fonte que alimenta o rio, hoje soterrada debaixo da Avenida 23 de Maio, é a mesma que deu origem à primeira piscina privada de São Paulo.

Considerado um visionário por Mário de Andrade, Francisco de Castro ergueu a Vila Itororó usando os destroços da cidade, principalmente os restos do Teatro São José, que funcionou de 1903 até 1923 na frente do Teatro Municipal, onde hoje se encontra o Shopping Light. As carrancas, os leões e as cariátides são elementos que Francisco recuperou do antigo teatro.

Após a morte de Francisco, a Vila Itororó foi herdada pela Santa Casa de Indaiatuba, que praticamente abandonou o local. Após anos marcados por problemas de manutenção, a Vila Itororó foi desapropriada pelo Estado de São Paulo que confiou sua gestão e recuperação à Prefeitura de São Paulo. Os inquilinos, na sua maioria de baixa renda esforçaram-se por resistir à remoção. Uma boa parte dos moradores acabou sendo realojada em conjuntos do CDHU na região.

Tombada pelo Conpresp e pelo Condephaat é hoje testemunha de uma São Paulo mutante, carregando rastros e feridas da história urbana que marcou o século XX. Essa história precisa ainda ser escrita e isso será uma das tarefas do processo de renovação. Livros, exposições, conversas e debates serão organizadas com esse intuito.

Obras abertas ao público

O processo de renovação em curso (2014-2018) não pretende regressar a um passado distante ou se desvincular dos recentes acontecimentos; ele está sendo desenvolvido com a intenção de trabalhar no presente a história do local.

A curadoria propôs, como programa de educação patrimonial, a abertura do processo de renovação da Vila Itororó, tornando visível o trabalho dos arquitetos, engenheiros e operários, que acontece detrás dos tapumes das obras. Essa abertura visa criar um diálogo inédito entre a renovação de um bem público e as demandas da sociedade civil.

Nesse contexto, o galpão principal do canteiro de obras funcionará como centro cultural temporário, um elo entre o fora e o dentro: canteiro de obras, marcenaria, serralheria, arquivo documental em fase de elaboração. Simultaneamente, as demandas do público serão incorporadas ao projeto em andamento por meio de oficinas participativas, seminários, discussões e debates.

O galpão está sendo redesenhado pelo coletivo transnacional ConstructLab, por meio de oficinas de marcenaria e serralheria – com o intuito de preparar o galpão central da VIla Itororó para acolher acolher o público para as diversas atividades programadas, e construir essa história juntos.

A programação da Vila Itororó se divide em três eixos:

1. Exposição continua
Exposições serão realizadas ao longo da renovação para apresentar o arquivo da Vila Itororó. Artistas-pesquisadores serão convidados para se debruçar sobre a história do espaço e desenvolver dispositivos que apresentarão os resultados das suas pesquisas.

2. Seminários, oficinas e publicações
Uma série de seminários serão organizados para discutir o papel da Vila Itororó e o seu futuro, à luz da sua história. Cada seminário será seguido de oficinas coletivas de planejamento, reunindo os participantes em exercícios de pensamento coletivo. Os seminários resultarão numa série de publicações.

3. Programação contínua e ação educativa
A Vila Itororó funcionará diariamente, acolhendo grupos escolares, propondo roteiros de visitas de sensibilização ao patrimônio arquitetônico. Parte do programa será co-realizado com os moradores do bairro, estruturando desde já a dimensão participativa e compartilhada do futuro equipamento cultural.

VISITAÇÃO

Acompanhe a elaboração da programação deste primeiro final de semana (sábado 11 e domingo 12 de abril) na nossa página Facebook.

Seguimos abertos/
Sábado e domingo, 11 e 12/04, das 12h as 18h

A partir do dia 13/04/
Segunda a sexta, das 11h as 17h

Rua Pedroso, 238
Próximo ao metro São Joaquim
Bela Vista

Para mais informações, escreva para info@vilaitororo.org.br


CRONOGRAMA DE RENOVAÇÃO
A entrega da Vila Itororó renovada será feita por partes:
- 2015 – abertura do canteiro de obra: criação de um centro cultural temporário como parte do programa de educação patrimonial e abertura do acesso à praça central da Vila
- 2016 – entrega de 4 edificações renovadas
- 2017 – entrega de 5 edificações renovadas
- 2018 – entrega final


REALIZAÇÃO
Realizada pela Prefeitura do Município de São Paulo, a renovação da Vila Itororó está sendo viabilizada por um projeto cultural aprovado na Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), com co-patrocínio do Itaú e da Camargo Corrêa, apoio cultural da IBM, e gerenciamento do Instituto Pedra.