Longa mexicano “Somos Mari Pepa” estreia no Cine Olido

Filme integra o projeto Em Cartaz no Cine Olido, destinado a produções latino-americanas

Filme "Somos Mari Pepa" retrata o estado permanente 
de incerteza da juventude mexicana

Por Gabriel Fabri

“O filme é uma carta de amor à minha avó, ao meu bairro e à minha adolescência”. É o que afirma o estreante Samuel Kishi, de 30 anos, diretor de “Somos Mari Pepa”. O longa-metragem mexicano, exibido em 2014 no Festival de Berlim (Alemanha), estreia em março na Galeria Olido. Com sessões a partir do dia 5, a obra integra o programa Em Cartaz no Cine Olido, destinado a produções latino-americanas.

Vivendo um guitarrista da banda de punk rock Mari Pepa, Alex (Alejandro Gallardo) é um garoto de 16 anos que mora com a avó na cidade mexicana de Guadalajara. Ele anseia ter a sua primeira experiência sexual, encontrar um emprego e escrever, com a ajuda dos amigos, uma música para que sua banda participe de uma competição. 

O diretor afirma que viveu muitas situações parecidas com as do filme, como o fato de ter sido membro de um grupo de punk. “Sonhava com as garotas bonitas que iam chover em cima da gente assim que fizéssemos sucesso, mas o grupo nunca floresceu e as garotas tão pouco apareceram”, confessa. 

Como o nome de sua banda não era muito bom, Kishi pegou emprestado para o filme o do grupo em que tocava seu irmão, Kenji, que trabalha no longa-metragem como músico. O cineasta explica que achou hilário quando descobriu que “Mari” vinha da palavra “marijuana” (“maconha”, em espanhol) e “Pepa”, de uma gíria mexicana para “vagina”.  “Olhando em retrospectiva, me dei conta de que o nome era bastante irônico, uma vez que não tínhamos experiência com nenhuma dessas coisas naquela idade, assim como o personagem também não”, revela Kishi. 

O estado permanente de incerteza da juventude mexicana é algo que não escapa à trama quando retrata a sensação de um presente e um futuro com poucas oportunidades. “A cena em que Alex encontra o pai do seu melhor amigo, os dois procurando trabalho, derrotados, é para mim a imagem em espelho do protagonista no futuro”, lamenta o diretor. 

Além deste filme, Em Cartaz no Cine Olido exibe o equatoriano “É melhor não falar de certas coisas”, de Javier Andrade. 

Serviço: Galeria Olido - Av. São João, 473. Próximo das estações República, Anhangabaú e São Bento do metrô. Centro.| tel. 3331-8399 e 3397-0171. De 5 a 18. R$1

MELHOR NÃO FALAR DE CERTAS COISAS
(Mejor no hablar de ciertas cosas, Equador, 2012, 100 min, blu-ray). Dir.: Javier Andrade. Com Andrés Crespo, Victor Aráuz, Alejandro Fajardo e outros. +14 anos.
O filme narra a história de dois irmãos que vivem numa cidade do litoral do Equador. Enquanto um deles leva uma vida movida por drogas e pela relação amorosa com uma antiga namorada de escola, agora casada, o outro, também viciado, tenta emplacar sua carreira como vocalista de uma banda punk.
| Dias 5, 6, 7, 8, 11 e 13, 17h. Dia 12, 19h. Dia 14, 15h

SOMOS MARI PEPA
(México, 2013, 100 min, blu-ray). Dir.: Samuel Kishi. Com Alejandro Gallardo, Arnold Ramírez, Moisés Galindo e outros.
Vivendo com a avó, um adolescente traça três planos para o verão: escrever uma nova música para sua banda, encontrar um emprego e ter sua primeira experiência sexual. Enquanto elabora como conseguir isso, ele percebe que sua avó está cada vez mais dependente dele.
| Dias 5, 6, 10, 13, 14 e 17, 19h. Dia 7, 15h e 19h. Dia 8, 15h. Dias 12, 15 e 18, 17h