Montagem inédita da ópera “Salomé”, de Richard Strauss, chega ao Theatro Municipal

Baseado em peça de Oscar Wilde, espetáculo fica em cartaz até dia 20 de setembro

Para a diretora cênica Livia Sabag, a ópera "Salomé" é
"é um grito contra instituições e ações que oprimem a individualidade” 
(Foto: Desirée Furoni) 


Por Gabriel Fabri

“A busca da vitalidade pelo sensível e um questionamento sobre a capacidade da razão em responder aos anseios da alma humana”. Essas são as questões que a diretora cênica Lívia Sabag considera as mais importantes e atuais na ópera Salomé, que estreia dia 6 no Theatro Municipal de São Paulo. Baseado em uma peça de Oscar Wilde, o espetáculo foi criado pelo compositor alemão Richard Strauss. A nova montagem, inédita, traz a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, com regência de John Neschling, e fica em cartaz até o dia 20 de setembro. 

Na trama, o Rei Herodes (Peter Bronder e Jürgen Sacher) pede que Salomé (Nadja Michael e Annemarie Kremer), sua sobrinha, dance para ele em seu aniversário. Em contrapartida, a mulher pede a cabeça de um prisioneiro, João Batista, em uma bandeja. Nesse contexto, ela executa a sensual dança dos sete véus. Para escrever a história na qual a ópera se baseia, o dramaturgo Oscar Wilde se inspirou em passagens dos evangelhos de São Mateus e de São Marcos.

Livia Sabag, que já dirigiu outras três óperas para o Theatro Municipal (a última foi “O Rouxinol”, de Stravinsky, em 2012), detalha a concepção da cena da dança, que considera um diferencial nessa montagem. “Ela acontece em um ambiente onírico, onde o público vê os desdobramentos da imaginação de Herodes, e não somente a dança em si”, afirma. “Dessa forma, eu procurei quebrar a unidade de tempo e espaço da ópera para ressaltar a importância da experiência estética como forma de transformação e transcendência do ser humano”. 

Encenada pela primeira vez na Alemanha, em 1905, a ópera foi chocante para o público. Livia ressalta duas características pelas quais o espetáculo foi importante naquele contexto: “a transgressão estética e erótica e a proposta de uma utopia da afirmação do indivíduo”. Atualmente, o impacto é diferente, mas continua. “Acredito que ainda hoje Salomé é impactante, na medida em que é um grito contra instituições e ações que oprimem a individualidade”, afirma. 

Serviço: Theatro Municipal de São Paulo. Pça Ramos de Azevedo, s/nº, Centro. Dias 6, 9, 11, 16, 18 e 20, 20h. Dia 14, 18h. R$ 40 a R$ 100