Por Gabriel Fabri
A canção “Ventre livre de fato” expõe alguns dos problemas da realidade social de muitas mulheres no Brasil. Ao denunciar a morte do “povo que é carente, que não passa na novela”, a letra defende a legalização do aborto. Essa é apenas uma das bandeiras que a MC Luana Hansen levanta em suas músicas, que serão reunidas dia 21 em show, gratuito, no Centro Cultural da Juventude (CCJ).
Em 2004, a cantora deu início à sua carreira, integrando um conjunto no bairro de Pirituba (zona norte). Não tardou a formar o grupo A-TAL, composto só por mulheres, que gravou uma canção para o filme “Antônia”, de Tata Amaral, homônima ao longa-metragem. A MC segue em carreira solo e o primeiro CD, que leva o nome da artista, pode ser ouvido gratuitamente na internet.
Luana estrelou, em 2012, o documentário “4 minas”, de Elisa Gargiulo, que acompanhou, por um mês, o cotidiano de quatro mulheres gays em São Paulo. Junto com Elisa, Luana escreveu “Ventre livre de fato”, canção cujo vídeo se tornou o seu mais visto na internet. A MC acredita que a letra desperta a reflexão e o debate. “Essa provocação já é um grande passo para a mudança”, afirma. Ela reconhece que a questão é delicada, mas ressalta a falta de informações sobre o tema. “Percebo que, desde quando fiz a música, estou sempre repetindo as mesmas explicações sobre a legalização do aborto”. Além disso, ela dá ênfase ao fato de que as vítimas são, na maioria das vezes, mulheres negras e pobres.
Entre outras canções que serão destaque no show está “Apocalipse”. Nela, a MC denuncia a violência cotidiana contra os pobres, além de criticar as relações de poder na sociedade, que, para ela, são apocalípticas e reflexo de uma sociedade consumista. “O Brasil caminha em prol de um consumo desvairado”, explica. “É uma bomba relógio que cria seres alienados, viciados em ter para ser.”
Serviço: Centro Cultural da Juventude – área de convivência. Av. Deputado Emílio Carlos, 3.641, Vila Nova Cachoeirinha. Próximo do Terminal de Ônibus Cachoeirinha. Zona Norte. | tel. 3984-2466. Dia 21, 20h. Grátis (não é necessário retirar ingresso)