Mostra do Fomento à Dança chega à sétima edição

Programação traz mais de 20 espetáculos, gratuitos, e uma exposição



Núcleo de Improvisação apresenta espetáculo
"Coisas que se Poderia Dizer no Fim"


Por Gabriel Fabri


Tem início no dia 3 de setembro a sétima edição da Mostra do Fomento à Dança. Criado em 2007, o evento serve como vitrine para a produção no gênero, subsidiada pelo Programa Municipal de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo, da Secretaria Municipal de Cultura. Este ano, integram a programação mais de 20 espetáculos, que serão apresentados em cinco espaços, além de uma exposição montada no hall do Centro de Dança Umberto da Silva, na Galeria Olido.

A mostra tem como objetivo o estímulo à dança contemporânea paulista, promovendo o acesso da população a esses espetáculos, apresentados gratuitamente. Também é uma oportunidade para que grupos de dança entrem em contato com outras produções e troquem informações.

As coreografias chegam à Galeria Olido, Praça das Artes, Centro Cultural da Penha, Centro de Formação Cultural de Cidade Tiradentes e saída da Estação Capão Redondo do metrô.

A exposição “Décadas de Dança: Preservação e Compartilhamento do Acervo Gouvêa-Vaneau” acompanha, com documentos e fotografias, a trajetória profissional de Célia Gouvêa e Maurice Vaneau. Ambos dirigiram o grupo Teatro de Dança de São Paulo, criado em 1974, hoje denominado Célia Gouvêa Grupo de Dança.

A VII Mostra do Fomento à Dança se encerra no dia 16 de setembro.


Confira a programação completa:

DÉCADAS DE DANÇA: PRESERVAÇÃO E COMPARTILHAMENTO DO ACERVO GOUVÊA-VANEAU
Documentos que narram a trajetória artística de Célia Gouvêa e Maurice Vaneau, para a reflexão sobre a dança em São Paulo e no Brasil.
Serviço: De 3 a 16, das 10h às 20h. Galeria Olido – Hall do Centro de Dança Umberto da Silva.

O ANIMAL MAIS FORTE DO MUNDO
Cia Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira
O Animal Mais Forte do Mundo buscou aprofundar o processo com as fotografias focando na exploração dos volumes para os movimentos e, nesse sentido, tornou-se indispensável trabalhar com um elenco. Nesta etapa do processo, Ângelo e Ana Catarina buscaram dar mais visibilidade para as danças da cultura popular que povoam a sua pesquisa de linguagem. Há uma brincadeira intencional com a cultura popular de esconde-e-aparece que está presente na trilha, na coreografia, e no figurino.
Serviço: Dia 3, 20h. Galeria Olido – Sala Paiçandu.

ESTUDOS PARA LUGAR NENHUM
Vera Sala
Corpo esvaziado descontinuado sem fim sem onde (?)...  Onde (?) sem tempo... Sem começos sem ir... Onde (?)... Impossível tempo... Impossível corpo... Apenas corpo... Corpos... Fendas... Abismos... Fissuras... Ausências... Ausência...
Serviço: Dia 4, 17h. Praça das Artes – Hall da Praça das Artes.

SOLO DE RUA
AVOA Núcleo Artístico
Criação coreográfica concebida especificamente para espaços públicos que explora relações poéticas entre corpo, plástico, território urbano e inspira-se livremente no manifesto “As embalagens”, do encenador e artista plástico polonês Tadeusz Kantor (1915-1990).  A partir da observação dos movimentos e comportamento de pessoas em situação de rua ao se embalarem ou se vestirem com materiais descartados, surgiram questões sobre deformação do corpo, "coisificação" do ser humano e precariedade.
Serviço: Dia 2, 12h - Centro Cultural da Penha. Dia 4, 18h - Galeria Olido (entorno).

PROJETO PROPULSÃO: O QUE FAZ VIVER
Key Zetta e Cia
4 pessoas dançam vigorosamente e desaparecem a olhos nus.
Serviço: Dia 4, 20h. Galeria Olido – Sala Paiçandu.

JUANITA
Núcleo Juanita
Juanita é um ensaio aberto da pesquisa em dança-literatura, livremente inspirado na obra de Carlos Castaneda. A partir do personagem de Don Juan, o trabalho traz elementos do espelho feminino com base na sonoridade, na comicidade e na leveza desse personagem.
Serviço: Dia 4, 20h. Centro Cultural da Penha.

A IMAGEM-NUA E OUTROS CONTOS
Cia Perversos Polimorfos
O espetáculo aproximou o universo dos dramas fundamentais, presentes nas narrativas sintéticas dos contos de fada e das abordagens metafenomenológicas do filósofo português José Gil (um dos poucos pensadores da atualidade a se debruçar sobre a especificidade do corpo em movimento como constituição de linguagem).
Serviço: Dia 5, 20h. Galeria Olido – Sala Paiçandu.

ABERTURA DO PROCESSO – DARK ROOM
iN SAiO Cia de Arte
Espreita. Mostrar para esconder, velar para revelar. Espaço recortado, figuras fugidias, vistas pelo canto dos olhos. Invertem-se polaridades, lugares ora de um, ora de outro. Objeto e sombra, figura e fundo, movimento e pausa, luz e escuridão, visão e cegueira, intérpretes e público. A presença se dilui. E se reconstrói. Como montar um quebra-cabeça com pedaços de movimentos?
Serviço: Dia 5, 20h. Centro Cultural da Penha

FLUXO EM PRETO E BRANCO
Cia Flutuante
O projeto é resultado da parceria entre Leticia Sekito (Companhia Flutuante) e os artistas Suiá Burger Ferlauto, Alex Ratton, Priscila Jorge, Ligia Chaim, Sandra Jimenez e Felipe Julián (Projeto Axial), Roberto Freitas e Joana Porto. As performances são pautadas na relação entre dança e desenho, com interesse na potência do gesto e do acaso. Os movimentos dos performers são impressos com tinta sobre um suporte de papel, deixando visíveis os rastros de suas ações. Seja fazendo proposições de corpo, som, luz, espaço, vídeo ou figurino, os artistas criam, por meio da linguagem da improvisação, experimentos performáticos únicos a cada compartilhamento público.
Serviço: Dia 6, 12h. Praça das Artes – Hall da Praça das Artes.

NOSSOS SAPATOS
Luiz Fernando Bongiovanni e Mercearia de Ideias
O espetáculo fala de uma maneira especial sobre a vida, mesmo que para chegar a isso passe pelo seu oposto natural: a morte. A morte, assim como a injustiça ou o amor, sempre foi e será assunto com que a arte se ocupa.Uma das coisas que nos difere dos animais é a possibilidade de contemplação da nossa própria finitude.
Serviço: Dia 6, 20h. Galeria Olido – Sala Paiçandu.

COISAS QUE SE PODERIA DIZER NO FIM
Núcleo de Improvisação
Mas por que a terça-feira não aceita vir depois da quarta? Como se chamam os ciclones quando não se movimentam? Por que me movo sem querer, por que não fico parado? Em que lugar estou que vejo isso como coisa que pode ser? Chegaremos ao fim de uma maneira ou de outra. Esses são possíveis títulos para uma série de espetáculos do Núcleo de Improvisação, que marca o encerramento de uma etapa de sua pesquisa. Uma das grandes questões para o artista improvisador é saber quando a improvisação se finaliza. O fim não se escolhe, faz-se. Por isso, caro público, se você também não pode escolher o final, escolha ao menos um dos títulos para o espetáculo que você vai assistir.
Serviço: Dia 7, 20h. Galeria Olido – Sala Paiçandu.

RÚTILO NADA
Núcleo Entretanto
O espetáculo tem inspiração na novela “Rútilo Nada”, de HIld Hilst. A obra é um espesso poema sobre o corpo: as regiões eróticas, as camadas externas (a pele, as excrescências, as formas) e as internas (o corpo por dentro, movendo-se nos seus circuitos, ossos, massa, tripa). Assim, obra estabelece um elo de conexão direto com o ponto de partida do criador em dança que tem o corpo como lugar e meio para a realização de seu trabalho. Os limites do desejo, as relações socialmente intoleráveis e a ferocidade humana constituem o tema de “Rútilo Nada”. O espetáculo é uma espécie de discurso no sentido político do termo: um discurso de resistência da paixão e do desejo.
Serviço: Dia 8, 19h. Galeria Olido – Sala Paiçandu.

VÍDEO CIA PERDIDA PARTE 1
Peças Curtas para Desesquecer é o mais recente trabalho da Companhia Perdida, com direção de Juliana Moraes. Composta por oito peças de 10 a 20 minutos cada – cinco solos, um duo, um trio e uma peça em grupo –, a série se divide em dois programas que são apresentados alternadamente. O trabalho corporal reivindica que lembranças não são registradas apenas num hipotético e abstrato plano mental, mas sobretudo no corpo em movimento. Originadas no reavivamento de imagens, episódios e sensações dos próprios intérpretes, as texturas corporais desenvolvidas em meses de ensaios possibilitam a criação no momento presente da cena. Essa mobilidade constante é também evidenciada no cenário composto por caixas de papelão da artista plástica Geórgia Kyriakakis, na trilha sonora de Laércio Resende e no desenho de luz de Cristina Souto.
Serviço: Dias 9 e 10, 18h – Corredor da Galeria Olido.

AFRO MARGIN
E2 Cia de Teatro e Dança
Inspirado na obra de mesmo nome do artista plástico britânico Chris Ofili, o espetáculo busca na reflexão da margem o princípio organizador da pesquisa corporal e cênica. Este solo de Eliana de Santana revela ainda um corpo surpreendido em sua verticalidade, suspenso, flutuante, que desaparece na ação.  
Serviço: Dia 9, 20h. Galeria Olido – Sala Paiçandu.

NUVENS INSETOS
Cia Fragmento de Dança
Inspirada no universo das cartas, a Cia. Fragmento de Dança criou sua mais nova montagem. Durante temporada de outro espetáculo a Cia. promoveu uma ação junto ao público passante: abordaram os transeuntes e propuseram que escrevessem uma carta com o tema: “O que você escreveria se fosse sua última carta?”. “Nuvens insetos” relaciona o conteúdo registrado nessa forma de correspondência com outras possibilidades de comunicação do corpo, enfatizando a expressividade das mãos ou as mãos como formato de comunicação e expressão.
Serviço: Dia 10, 20h. Galeria Olido – Sala Paiçandu.

IN-CORPO-R-AÇÕES E GESTUS
Cia Mariana Muniz de Teatro e Dança
Com o espetáculo In-corpo-r-ações, a Cia Mariana Muniz de Teatro e Dança dá continuidade à pesquisa de linguagem em arte/dança contemporânea inspirada pelos caminhos trilhados pelo artista plástico brasileiro Hélio Oiticica. A dança acontece sob a ótica da trilogia realizada pelo artista carioca: “Parangolés” (2007), resultado do cruzamento do conceito parangolé com a dança contemporânea; “Nucleares” (2008) e “Penetráveis” (2011). Uma pesquisa que aponta para novas regiões do fazer artístico e se mantém conectada à ideia de “experimentar o experimental”, discutindo e relendo os códigos de dança e questionando a nossa relação com as dinâmicas e atitudes corporais estabelecidas.
Serviço: Dia 11, “In-corpo-r-ações”, 14h. “Gestus”, 20h – Centro de Formação Cultural de Cidade Tiradentes.

MINHAS CAVIDADES ORBITAIS
Maurício de Oliveira & Siameses
Aprofundando a pesquisa da união de voz e movimento, a Companhia Maurício de Oliveira & Siameses apresenta o trabalho "Minhas Cavidades Orbitais". O título não se refere somente à área do crânio humano que abriga os olhos, aludindo à qualidade única e diferente do que é percebido por cada pessoa, como também faz ressoar o sentido de órbitas planetárias. Assim, coloca junto ao  interno do corpo humano o  externo e distante espaço interplanetário.
Serviço: Dia 11, 20h. Galeria Olido – Sala Paiçandu.

PROFANAÇÃO
Cia Danças
Inspirado na leitura do livro “Profanações”, de Giorgio Agamben. No ensaio Elogio da Profanação, Giorgio Agamben se dedica a abrir relações comuns entre as ideias de "usar" e "profanar". Para isto, parte de uma discussão da etimologia de religião, de relegere, que aponta para outro sentido do religioso.
Serviço: Dia 11, 20h. Centro Cultural da Penha

DOIS ENSAIOS FOTO SENSÍVEIS
Núcleo Marcos Moraes
A Cozinha Performática é uma plataforma de pesquisa e criação em dança e performance que propõe o encontro como ponto de partida para a colaboração artística em diversos formatos. O espetáculo é um ensaio dos fotógrafos Marcella Haddad e Yuri Pinheiro com Marcos Moraes. Um click enquanto se experimenta o movimento.
Serviço: Dia 12, 18h – Corredor da Galeria Olido.

PESSOAL E INTRANSFERÍVEL
Silenciosas+GT´ Aime
Neste novo espetáculo, os intérpretes buscam em si a inspiração para desenvolver uma história.
Serviço: Dia 12, 20h. Galeria Olido – Sala Paiçandu.

OUTRAS PORTAS, OUTRAS PONTES
Cia Sansacroma
O espetáculo comemora os dez anos da Cia. Sansacroma e os 100 anos do bairro do Capão Redondo, onde fica a sede da Cia., carinhosamente chamada de Ninho Sansacroma. O espetáculo abarca dois momentos: o primeiro, itinerante, propondo ao espectador um olhar sobre o apartheid “gentil” existente no Brasil, quando negros operários são tratados com subcidadãos e os espaços físicos geram separações. O segundo, dentro do Teatro Martins Penna, quando a consciência desta separação torna-se indignação e é transformada em materialidade poética.
Serviço: Dia 12, 20h. Centro Cultural da Penha

KAZE-VENTOS
Núcleo Fu Bu Myo IN
Entre o movimento do corpo e os elementos cênicos há uma relação de velocidade, densidade e direção. Quando mergulha em cada elemento, pode acontecer uma relação entre eles. A partir de uma pesquisa de alguns elementos do noh – voz, kamae, johakyu e ma –busca um lugar onde acontece essa relação como uma onda de respiração.
Serviço: Dia 13, 20h – Sala Paiçandu – Galeria Olido.

CIDADE
Núcleo Omstrab
O Núcleo OMSTRAB completa 18 anos de trabalho e apresenta espetáculo de dança contemporânea e música ao vivo 'Cidade', inspirado nos espaços públicos e sonoridades da cidade de São Paulo. Busca estabelecer um diálogo direto, corporal, auditivo com a cidade, por meio da percepção de elementos sonoros e de movimentos que acabam se perdendo na urgência do dia-a-dia
Serviço: Dia 14, 12h – Saída da Estação Capão Redondo do metrô. Av Carlos Caldeira Filho, 4261

CHAMANDO ELA – SEM ELES
Núcleo Sheila Ribeiro
O espetáculo desloca, muda, brinca, inverte, recria e reverte padrões, abrindo novas perspectivas e possibilidades. Modas possíveis, novas mitologias contemporâneas do corpo. As imagens são cápsulas potentes: misturas muito brasileiras, muito contemporâneas, muito metropolitanas e muito não sabemos o quê. Só sabemos que elas trazem estupor, vitalidade, animação e direito ao delírio àqueles que as vêem. É um hub de delícias pra um mundo que a gente não sabe mais o que é.
Serviço: Dia 14, 18h – Centro de Formação Cultural de Cidade Tiradentes

VILA TARSILA
Cia Druw
'Vila Tarsila' transporta o espectador ao mundo antropofágico da artista, demonstrando que sua obra nasceu das experiências visuais das inúmeras viagens realizadas e das brincadeiras que recheavam as tardes na fazenda onde vivia em Capivari, interior de São Paulo, onde podia correr livremente entre pedras, árvores, cactus e brincar com bonecas feitas de mato, em contraponto com a educação francesa que recebeu de seus pais.
Serviço: Dia 14, 15h – Sala Paiçandu – Galeria Olido.

COLÔNIA PENAL

Borelli Cia de Dança
A condição humana na obra do escritor Franz Kafka serviu de base para a coreografia, dirigida por Sandro Borelli. Seis bailarinos exibem também conflitos sobre o regime militar.
Serviço: Dia 15, 19h. Galeria Olido – Sala Paiçandu.

OROBORO
Projeto Mov_Ola
Reflexões sobre a memória e seus desdobramentos entre a infância e a velhice. Esse é o mote da criação de Alex Soares, bailarino e coreógrafo paulista à frente do projeto Mov_ola desde 2008. Palavra de origem grega, cujo símbolo é representado por uma serpente que morde a própria cauda, Oroboro revela uma imagem sem começo ou fim. O retorno à infância, as relações entre as memórias vividas, afetivas ou não, percorrem o tema da obra. Com tal premissa, toca em questões da existência, como a presença e a ausência, que muitas vezes fogem ao nosso controle.
Serviço: Dia 16, 20h. Galeria Olido – Sala Paiçandu.