Intérpretes mostram o valor da maturidade na dança

Ex-integrantes do grupo Cia. 2 do Balé da Cidade de São Paulo apresentam dois trabalhos solos entre os dias 26 e 29, na Sala Paiçandu

Com a proposta de levar ao palco a vivência, a técnica e a sensibilidade de seus bailarinos mais antigos, o Balé da Cidade de São Paulo manteve por uma década (1999-2009) um grupo de dança contemporânea que recebeu o nome de Cia. 2. A experiência revelou, ao público e aos intérpretes, um novo conceito em relação à arte de dançar e rendeu uma série de coreografias instigantes e inovadoras, três das quais premiadas pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) nos anos de 2005 e 2006.

Dois ex-integrantes daquele grupo, Cláudia Palma e Armando Aurich, que continuaram desenvolvendo suas carreiras artísticas após a extinção da Cia. 2, apresentam, entre os dias 26 e 29, os dois últimos trabalhos solos que realizaram naquela fase. Os intérpretes se revezam no palco da Sala Paiçandu da Galeria Olido como convidados da segunda edição da série “Interações 2012”.

Cláudia, hoje à frente da iN SAiO Cia. de Arte, dançará a coreografia “Um Outro Corpo”. “É um trabalho que fiz sob a direção de Mariana Muniz, no qual procuro, de uma forma quase autobiográfica, expor, através da dança, as inquietações e os questionamentos de determinada fase de minha vida”, explica a bailarina. Em 20 minutos, sob o ritmo da música de vanguarda do francês Yann Tiersen, movimentos corporais densos e plenos de cargas expressivas trazem à tona questões relacionadas à morte, vida, separação, amor, dor e ansiedade, como que vividas por um corpo interno observado por outro externo.

Já Aurich, que atualmente dança, coreografa e dá aulas em Vitória, no Espírito Santo, encena “Pequenas Paisagens”. O trabalho tem como pano de fundo a música contemporânea de Ricardo Severo e procura expressar, com gestuais lúdicos e movimentos no chão e em pé, as “paisagens” observadas no interior do intérprete. “Divido minha coreografia em quatro quadros e desnudo minha alma para a plateia com questões como ‘o que é que eu estou fazendo aqui?’, ‘qual o meu papel nesta vida?’ e ‘que sentido tem o que faço?’.”

Serviço: +14 anos. Apresentações seguidas. Galeria Olido – Sala Paiçandu. Centro. De 26 a 29. 5ª a sáb., 20h. Dom., 19h. Grátis (retirar ingresso uma hora antes)