Juca toma posse na Cultura

Fonte: O Estado De São Paulo

Lula o aconselha a descobrir caminho para mais verba

Tânia Monteiro, BRASÍLIA

O sucesso de um ministro no governo tem receita definida, segundo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva: aprender o caminho para aumentar as verbas para seu ministério. Foi o que Lula desejou ontem ao novo ministro da Cultura, Juca Ferreira.

Mas ele avisou que, “se ficar brigando com o Paulo Bernardo (ministro do Planejamento), vai perder”. O presidente afirmou, por outro lado, que é importante “chorar um pouquinho” com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, além de aprender a liberar as emendas referentes à pasta no Congresso.

Em discurso durante a cerimônia de posse de Juca no lugar de Gilberto Gil, Lula disse que, se o novo titular simplesmente conseguir cumprir o programa Mais Cultura até 31 de dezembro de 2010, o seu governo terá feito “em oito anos de governo o que não foi feito em 80 anos para a cultura brasileira”.

O presidente contou que, quando escolheu Gil, pensava em estar contemplando também o PV. Depois, porém, “para surpresa”, descobriu que ele “não era militante do PV coisa nenhuma, era grande artista e ambientalista e o PV passou a gostar dele como nós”. Mesmo assim, decidiu convidá-lo, alegando que não precisava representar nenhum partido.

Bem-humorado, Lula provocou risos na platéia: “Imagine se alguém exigisse que o cantor e compositor Chico Buarque se filiasse ao PT. Certamente ele ia ficar mais chato.” Na seqüência, citou Caetano Veloso: “Imagine, por exemplo, o Caetano no PSDB? Ficaria mais chato ainda.” Depois, o presidente acrescentou que “quem pensa que os partidos políticos são complicados é porque nunca participou de uma reunião com o pessoal da cultura em algum Estado pelo País”.

Há um ano, Caetano fez críticas a Gil, antigo parceiro e então ministro, e ao próprio Lula. Em entrevista à revista Rolling Stone, Caetano disse que “Lula é a Madonna” e “se coloca bem para manter o sucesso de ter chegado à Presidência”.

Em seu discurso, Lula elogiou a atuação de Gil, presente à cerimônia, e listou algumas de suas ações no ministério. O presidente disse que não foi possível fazer tudo o que se desejava, mas que foi gratificante ter o artista no governo. Sobre a decisão de o cantor e compositor deixar o ministério, Lula afirmou que o motivo foi porque ele tem uma família muito grande para sustentar e não podia mais viver só do salário de ministro, de R$ 10 mil.