SP planeja museu de folclore

Fonte: Folha De São Paulo

Antigo prédio da Prodam, no parque Ibirapuera, deve abrigar dois acervos até o fim deste ano

No final do mandato de Kassab, prefeitura gastará até R$ 10 mi para reformar o edifício que, hoje, só abriga mostras temporárias

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Até o fim de sua gestão, que ocorre em dezembro próximo, o secretário municipal de Cultura, Carlos Augusto Calil, pretende implantar um novo museu no parque Ibirapuera: A Mão do Povo Brasileiro, na antiga sede da Prodam.
Nome tirado de uma exposição organizada por Lina Bo Bardi, em 1969, no Masp, A Mão do Povo Brasileiro será constituído a partir de dois acervos: a do Museu do Folclore Rossini Tavares de Lima, que está em vias de ser transferido para a prefeitura, e a coleção da Missão de Pesquisas Folclóricas, coordenada por Mário de Andrade, em 1938, sob guarda do Centro Cultural São Paulo.
"O nome do museu, como se diz em cinema, ainda é um "working title" (título para trabalho), mas é uma homenagem à mostra da Lina Bo Bardi, que vi quando moleque e me deixou impressionado", diz Calil.
O projeto está sendo delineado há cerca de um ano por Adélia Borges, que foi diretora do Museu da Casa Brasileira. Para sua criação, Calil pretende que até o fim do ano um projeto de lei seja encaminhado pelo prefeito à Câmara Municipal.
Atualmente, o Pavilhão Armando de Arruda Pereira, antiga sede da Prodam, abriga mostras temporárias. Calil tentou cedê-lo ao Museu de Arte Moderna, que não aceitou a proposta. Para receber o novo museu, o prédio precisa de reformas, estimadas de R$ 8 milhões a 10 milhões, que não devem ocorrer neste ano. Mas, para marcar a ocupação do novo espaço, o secretário pretende expor os acervos "para debutar o edifício", até o fim do ano.
Em 2002, quando deixou a direção da Pinacoteca, Emanoel Araújo pretendia implantar um museu com o mesmo perfil na Estação Pinacoteca, que seria denominado Museu do Povo Brasileiro. "Não estou requentando uma história. A criação desse museu tem duas razões claras: há um prédio disponível e coleções disponíveis. Não estou criando um museu sem acervo", conta Calil.
O acervo do Museu do Folclore, com 3.800 objetos e obras e 2 mil fotos, vai para a prefeitura por decisão do Ministério Público. Abrigado até 1999 na Oca, a coleção foi parar na Casa do Sertanista, onde entrou em estado de deterioração. Há dois anos, o Ministério Público interpelou a Secretaria da Cultura para que fossem tomadas providências. Cabe agora à Justiça transferir a posse definitiva para a prefeitura.
O projeto para a implantação do museu propõe ainda a aquisição de novas obras e a possível incorporação de acervos já mapeados por Borges. "Aquilo que antes era estigmatizado ou considerado menor é reconhecido por todo mundo como fonte de inspiração para alta cultura, seja para definir identidade, ou mesmo a integração de comunidades, esse museu irá tratar de um universo novo que se abre", diz o secretário.