Conpresp avalia aumentar altura de prédios na Mooca

Fonte: O Estado De São Paulo

Com tombamento de galpões, limite ficou em dez andares; construtoras pedem o dobro

Sérgio Duran

Dez meses após tombar os galpões industriais da Mooca, na zona leste da capital paulista, e de limitar a altura dos prédios no entorno, o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico de São Paulo (Conpresp) deverá voltar atrás na última determinação. Estudo que propõe aumentar o gabarito dos futuros edifícios é elaborado pelo Departamento do Patrimônio Histórico, a pedido das construtoras que se sentiram prejudicadas com o tombamento.

Em julho do ano passado, numa sessão tumultuada do Conpresp, o mesmo DPH propôs o tombamento de sete conjuntos de galpões da Mooca, a começar pelos dos Moinhos Gamba, que datam de 1909 a 1938. Os prédios da região ficaram limitados a altura de 25 metros (oito andares) e 30 metros (dez), dependendo da localização em relação aos imóveis históricos. Construtoras estão pleiteando que os prédios possam ter até 20 andares na região.

A Assessoria de Imprensa da Secretaria Municipal da Cultura, à qual o DPH está submetido, confirma a informação de que a regulamentação da altura dos prédios na região está em análise. Segundo a Prefeitura, o estudo mudando os gabaritos deverá ser apresentado aos conselheiros daqui a 15 dias, na próxima reunião do Conpresp. Nenhum técnico quis se pronunciar a respeito.

No entanto, segundo o vereador Toninho Paiva (PR), conselheiro que representa a Câmara Municipal, a região da Mooca já foi analisada na reunião da última terça-feira. “Chegamos meio que a uma conclusão de que ali deveria ser estudado caso a caso”, afirma. Paiva é contrário à restrição dos prédios na região dos galpões. Para ele, os imóveis tendem à degradação e as construtoras poderiam ajudar no restauro e na manutenção dos imóveis históricos.

Paiva confirma que “várias construtoras” foram citadas na reunião, praticamente todas as que tinham comprado terrenos na região dos galpões e que foram pegas de surpresa com o tombamento do Conpresp.

A Yuny havia comprado o terreno dos Moinhos Gamba, também conhecido como Santo Antônio, usado hoje como casa noturna. Ali, a construtora planejou construir quatro torres de 20 andares cada uma (cerca de 60 metros de altura).

O projeto assinado pelo arquiteto Gianfranco Vannucchi, ex-presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA), prevê preservar a construção mais antiga do moinho e instalar, ao redor dessa, uma praça pública. O prédio restaurado e a área verde, totalizando 4 mil m², seriam doados à Prefeitura. O terreno tem 19 mil m² de área total.

Segundo Marcelo Yunes, CEO da Yuny, os advogados da construtora entraram com processo administrativo impugnando o tombamento, alegando que contraria uma série de normas do regimento do Conpresp, mas o mérito ainda não foi julgado. “Quando compramos o terreno, nem o moinho era tombado. O valor histórico era um atrativo para o empreendimento”, afirma Yunes.

O secretário de Estado da Cultura, João Sayad, chegou a anunciar, na época, a disposição do governo de desapropriar o terreno dos Moinhos Gamba, mas a medida ainda não se concretizou. Marcelo Yunes conta que se reuniu com representantes do governador José Serra (PSDB) para apresentar o projeto da Yuny, destacando o quanto o empreendimento imobiliário será melhor para o edifício histórico, em sua avaliação.