Depois dos manos, AS MINAS

Fonte: Folha De São Paulo

Um ano após o evento marcado pela confusão no show dos Racionais, Virada 2008 terá, entre as novidades, um palco com jovens cantoras

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de uma edição protagonizada pelo confronto entre a Polícia Militar e o público que assistia ao show dos Racionais MC's, a Virada Cultural tem nas vozes femininas um dos destaques de sua quarta edição, que acontece por 24 horas nos dias 26 e 27 em São Paulo.
Ou nas "flores", como prefere Marina de La Riva, uma das cantoras a subir ao Palco das Meninas, na av. Ipiranga (região central de SP). Além das canções "um pouco brasileiras, um pouco cubanas", o palco terá pop, bossa e samba, defendidos pelas vozes de Fernanda Takai, Clara Moreno e Veronica Ferriani, entre outras.
Este será um dos 26 palcos que o centro da cidade abrigará neste ano-em 2007, foram 13. O número de atrações também praticamente dobrou: serão 800, incluindo shows, filmes, dança, teatro e circo, num total de 5.000 artistas. O investimento será de R$ 6,8 milhões, contra R$ 3,7 milhões em 2007.
Na apresentação do evento à imprensa, ontem, o coordenador da Virada Cultural, José Mauro Gnaspini, disse que esta edição cobrirá uma área maior na região central da cidade. "A Virada está mais espalhada, menos apertada em um perímetro pequeno, e isso já torna a circulação mais segura", disse.
Sobre a segurança, o principal problema de 2007, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) disse só que "a cada Virada aproveitamos a experiência da anterior para que possamos diminuir o número de problemas".
"Haverá também 1.200 seguranças privados, muito mais do que no ano passado, além das polícias Civil, Militar e da Guarda Civil", disse Gnaspini. O número de policiais que serão deslocados para o evento ainda não foi definido, mas o coordenador afirmou que haverá "um cuidado especial para que não se repita nada do que aconteceu no ano passado".
Gnaspini relativizou a importância da questão dos atrasos nos shows -a que o secretário municipal de Cultura, Carlos Augusto Calil, creditou o conflito na Sé. "Naquela confusão, ninguém pode se eximir: houve o atraso, questões de organização, de repressão de ambulantes, o policiamento..."
Quanto aos Racionais, ausentes neste ano, o coordenador disse que não houve um boicote. "Acho que eles estarão na França na ocasião. Eles também já se apresentaram e, como tivemos aquele episódio recente, não precisamos ficar repetindo ou correndo risco de sofrer críticas por causa disso."

Meninas e meninos
"Eu acho o máximo, acho "o" poder", diz Marina de La Riva, 35, aos risos, sobre o palco das cantoras, em que a "velha" geração mal passa dos 30 anos e a nova fica lá pelos 20 (a precoce e já onipresente Mallu Magalhães, 15, aparece na programação enviada pela Prefeitura, mas seu empresário diz que nem convidada ela foi).
"Por mais que não seja um movimento [o de novas cantoras], não dá pra negar que seja uma turma", avalia Bruna Caram, 21, que promete, além da MPB pop de seu disco de estréia, "Essa Menina", algumas canções do Clube da Esquina.
Mariana Aydar, 27, não se preocupa com o fato de a maior parte do público provavelmente não conhecer o seu show. "Cantei recentemente no Pelourinho e foi incrível notar como as pessoas têm vontade de ver o que é novo", diz a paulistana, que lançou seu CD de estréia "Kavita 1", em 2006. "A mulherada está mostrando a cara, e isso é ótimo."
Gal Costa, Mutantes, Orquestra Imperial e Jorge Ben são os destaques do principal palco, na praça Júlio de Mesquita. O hip hop, o protagonista involuntário da última edição, ganha um palco em sua homenagem no parque Dom Pedro, com atrações como Nelson Triunfo, Thaíde, DJ Hum e o americano Afrika Bambaata.