Nas madrugadas da Campus Party

Fonte: Jornal da Tarde

Acampado na Bienal, no Ibirapuera, o Link conta tudo o que rola no período mais bombado da megafesta da internet

: Rodrigo Martins

Já deu para perceber que a galera não gosta muito de dormir... Na Campus Party, que vai até domingo, o prédio da Bienal, no Ibirapuera, foi tomado por notívagos. A madrugada é o período em que os participantes mais ficam conectados. Passam duas, três, quatro, cinco horas da manhã... E nada de o pessoal ir para as suas barracas dormir.

No megaevento de tecnologia, um número anunciado de 3 mil jovens navega na internet, come, toma banho e dorme (?) em um mesmo local. O atrativo é uma conexão de 5 gigabits por segundo, ou 625 vezes mais rápida do que a banda larga mais veloz à disposição comercialmente no Brasil.

No primeiro andar da Bienal, foram instaladas 1.200 bancadas, divididas em 106 fileiras, onde os participantes montaram os computadores que trouxeram na bagagem para o acampamento.

É nesse andar também que participantes como o desenvolvedor Bruno Gola, de 20 anos, brigam com o sono para não perder nenhum segundo da Campus Party. Na madrugada de terça para quarta, quando o Link o entrevistou, ele estava há 48 horas sem pregar os olhos. Para quê? 'Cara, preciso aproveitar para conversar com o pessoal, usar essa conexão híperveloz... Vou tomando Coca-Cola para segurar o sono...'

O também desenvolvedor Fernando Alves, de 19 anos, diz que só dorme se os outros dormirem também. 'Enquanto tiver gente aqui para me fazer companhia, não quero nem saber de pregar os olhos', diz ele, que está se acabando nos jogos e só levanta da cadeira para almoçar, jantar e ir ao banheiro.

Além de mais pessoas conectadas ao mesmo tempo, pois não há o turbilhão de palestras que rola durante o dia, é nas madrugadas que a Bienal fica mais animada. Campeonatos de games vão até altas horas. E cada vez que sai um vencedor, um grito que começa na área de games vai se espalhando para o resto da Bienal. A galera faz até 'ola'.

Mas não é só isso. Na terça de madrugada, o Link acompanhou diversas bizarrices na Bienal: um participante, sem camisas e com fitas 'gregas' em punho, tocava gaita e ganhava aplausos; uma dupla de garotos saiu pelo primeiro andar pedindo abraços, com uma placa 'Abraço grátis'; teve até concurso de tatuagem.

Os blogueiros Carol Kaka, de 20 anos, e Rafael Apocalypse, de 25 anos, vagaram entre os participantes para tirar fotos de tatuagens, que seriam postadas na web para votação 'popular'. 'A mais bonita ganha um pendrive', disse Carol, que não quer nem saber de dormir. 'Paguei para estar aqui. Quero aproveitar tudo.'

O pessoal da organização já percebeu os hábitos da galera. No primeiro dia, por exemplo, não havia programação para as madrugadas. E a lanchonete ficava fechada. A partir de terça, tudo mudou. Dá para comprar coxinha e Coca-cola a qualquer hora do dia, mas por exorbitantes R$ 3. 'Já que o pessoal não dorme, também estamos agora realizando palestras, sessões de cinema e balada nas madrugadas', explica um dos organizadores da Campus Party, Mario Teza.

Nesta edição, o Link, que está literalmente acampado na Bienal, conta mais sobre como é o dia-a-dia dessa megafesta nerd. Também entrevistamos o criador do evento e, para acompanhar a cobertura online, visite e participe do blog em www.link.estadao.com.br.