Memórias do carnaval paulistano

CARNAVAL CHEGOU NO ALBUQUERQUE!! Rapazes! Replectae de notas os vossos bolços; é chegado vosso dia! Á disposição da boa rapaziada estão lindas e novas roupas á phantasia. 39 - RUA DO IMPERADOR – 39 Proximo ao Theatro São José.

CARNAVAL CHEGOU NO ALBUQUERQUE!! Rapazes! Replectae de notas os vossos bolços; é chegado vosso dia! Á disposição da boa rapaziada estão lindas e novas roupas á phantasia. 39 - RUA DO IMPERADOR – 39 Proximo ao Theatro São José.

O anúncio, publicado pelo jornal A Constituinte, em 06 de fevereiro de 1880, revela bem, em meia dúzia de linhas, muito da história do carnaval na cidade de São Paulo. Dirigindo-se à "boa rapaziada", o Albuquerque, que ficava na rua do Imperador, próximo ao Theatro São José, onde é hoje a Catedral da Sé, oferecia "roupas à phantasia". As fantasias eram, no final do século 19, a última moda da festa na cidade, uma tradição importada do carnaval de Veneza pelos nascentes "barões do café" que, com a fortuna feita nos cafezais, procuravam imitar os modos e costumes europeus. E ao definir seu público como a "boa rapaziada", deixava claro: carnaval não era festa para pobres, nem "moças de boa família".

Como esclarece a professora Olga Rodrigues de Moraes von Simson em depoimento à jornalista Marília Balbi (D. O. leitura/cultura, nº 167, São Paulo, fevereiro de 1998, Imprensa Oficial do Estado), a propaganda publicada pelas sociedades nas vésperas do carnaval nos jornais da época (Correio Paulistano, A Província de São Paulo e O Commercio de São Paulo entre 1885 e 1915) convidava carinhosamente as mundanas:
"Diletas filhas do amor; Alai pois borboletas! Nymphas aia!! Vinde a nós todas! Filhas do pecado! Corre!, voa! aos nossos braços... ao prazer sem fim!".

Clique aqui para ler a parte 2