A Secretaria Municipal de Participação e Parceria realizou na última sexta-feira, dia 3, o I Encontro de Melhores Práticas, reunindo instituições sociais que atuam com pessoas que possuem algum tipo de deficiência.

O secretário ressaltou que o objetivo da reunião era a troca de experiências entre segmentos específicos. "Esse é o primeiro encontro, uma prática pioneira na administração pública, que pode dar às entidades um melhor embasamento nas ações através do mútuo conhecimento", disse.

Além do secretário e do representante do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, João Santos, participaram dos trabalhos quatro organizações que têm projetos conveniados com o Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Fumcad): Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), Associação para o Desenvolvimento, Educação e Recuperação do Excepcional (Adere), Associação para Deficientes da Áudio-Visão (Adefav) e Associação para a Valorização de Pessoas com Deficiência (Avape).

O representante da Apae, Antônio Ribeiro, apresentou um retrato da deficiência no mundo e no Brasil. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Banco Mundial, cerca de 10% da população mundial apresenta algum tipo de deficiência. No Brasil, essa estatística sobe para 14%. Ribeiro salientou que 80% das causas de deficiência podem ser evitáveis, destacando a educação e a inclusão como um dos desafios do setor. Cerca de 260 mil crianças e jovens com deficiência estão fora da escola no País, o que representa 70,77% do total. A Apae mantém convênio com o Fumcad desde 2006. Durante esse tempo, 12 projetos foram financiados, sendo que cinco ainda estão em andamento. Mais de 3.300 pessoas já foram beneficiadas pelas ações.


Importância das parcerias

Maria Aparecida Cormedi, da Adefav relatou a evolução da instituição desde sua criação, em 1983, destacando a importância das parcerias nesse processo. Nesse sentido, Mariana Serrano Feltran, da mesma instituição, ressaltou o papel do Fumcad, que possibilita parcerias com empresas e traz credibilidade. "E com isso ampliamos os projetos. Já instalamos, por exemplo, uma sala com equipamentos sofisticados, como uma impressora braile, para atender nosso público", disse.

Ester Rosemberg, da Adere, falou sobre a diferença entre desenvolvimento sustentável e sustentabilidade dentro das organizações. Para ela, existe grande dificuldade para diferenciar esses dois conceitos e passar de um para outro. "As instituições ficam no desenvolvimento sustentável, mas é preciso evoluir para a sustentabilidade". Ester lembra que o conceito de sustentabilidade está atrelado a uma relação sistêmica. Para sobreviver, é preciso ter novo olhar, propondo ações que sejam ecologicamente corretas, economicamente viáveis, socialmente justas e culturalmente aceitas.

Ester ressaltou ainda os benefícios da criação de uma rede social entre as entidades. "Se nós formarmos essa corrente, a Adere, por exemplo, não precisaria mais gastar com matéria-prima". E completou: "Não sabemos aonde podemos chegar, mas a nossa responsabilidade nos leva a descobrir caminhos. O Fumcad é um deles".

A supervisora técnica da Avape, Andressa Ramos, destacou a necessidade, na captação de recursos, de esclarecer a intenção e os objetivos dos projetos, para que os apoiadores saibam em que estão investindo. "É importante criar com o apoiador um vínculo. A doação não acaba quando o dinheiro chega. O foco não é só captar, mas também como gastar". Andressa acredita que "a captação de recursos é um negócio essencialmente de gente. Gente apoiando gente com causas. É olho no olho. Precisa transpirar sinceridade e entusiasmo".

O próximo encontro será no dia 14 de agosto, com entidades que cuidam de crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica ou sexual e mantêm abrigos. A reunião abordará temas como os cuidados com a família, violência na escola e doméstica e a sustentabilidade das instituições.