Alunos de Universidade da Zona Leste fazem estudo sobre bacia do Aricanduva

Cerca de vinte alunos da Universidade UNICSUL do Tatuapé estão concluindo um estudo sobre as bacias hidrográficas da região de São Mateus. Um dos objetivos desse estudo é fazer um mapeamento das principais nascentes que compõem  cinco   das sub-bacias  que fazem parte da  cabeceira  do rio Aricanduva.

A professora de Geografia Vivian Fiori da Universidade UNICSUL - campus Anália Franco/Tatuapé -, está coordenando um estudo sobre os principais  rios que compõem as bacias hidrográficas de São Mateus.

O estudo iniciou-se em agosto e conta com a participação de vinte alunos, boa parte deles é da área de geografia, mas há também alunos de comunicação social, biologia e serviço social. Vivian Fiori  disse ter tido a idéia de iniciar esse trabalho ao ler uma matéria sobre a região de São Mateus  há dois anos, achou interessante  e foi conhecer a área por meio da Assessoria Técnica da Subprefeitura de São Mateus, coordenada pela bióloga Vandineide Cardoso, que a levou para visitar vários lugares como o morro do Cruzeiro, o segundo maior pico de São Paulo, as nascentes dos rios, além de passear pelas trilhas em plena mata.

Esse passeio  a deixou com uma boa impressão do local e então, ela enxergou ali uma grande oportunidade de desenvolver um projeto para os seus alunos de geografia que iriam ter um curso de bacharelado e nada mais oportuno do que desenvolver um projeto  envolvendo área ambiental com conteúdo social.

As cinco bacias que serão estudadas  são identificadas pelo nome dos  seus principais rios. São as bacias dos  rios Mombaça, Caaguaçu, Limoeiro, Palanque e Aricanduva, cujas cabeceiras ainda são recobertas por Mata Atlântica. Além destas existe ainda em São Mateus  a bacia do Machados/Inhumas que também é afluente do Rio Aricanduva, na qual a urbanização e as moradias já impermeabilizaram as  margens  aterraram as nascentes ou canalizaram  boa parte da sua extensão e assim como a bacia do  rio Cipoaba que deságua no Rio Ribeirão Oratório, não faz parte deste estudo.

O estudo foi concentrado na análise das águas dos rios a partir de suas nascentes. A pesquisa envolve o conhecimento da comunidade do entorno desses rios  através de um questionário e a análise da água coletada dos rios com a finalidade  do  estabelecimento de  parâmetros que demonstrem a qualidade destas águas, se há poluição  qual o tipo e onde está a maior  concentração.

No entender da Profª. Vivian  , fazer esse estudo é uma experiência muito rica, pois  os alunos  estão indo a campo e têm contato com uma realidade que muitos deles não conheciam: as ocupações irregulares, as nascentes, a degradação das águas e do meio ambiente. Isso, segundo Vivian , muitos deles só viam em livros e pela televisão.

Mas ao terem contato direto com aquela comunidade, ouvindo-a e vendo a situação em que vive e porque vive daquele jeito e também a situação dos rios e do verde, a questão do lixo e outras realidades, torna enriquecedor, pois isso lhes despertará um espírito mais critíco e ao mesmo tempo transformador, pois eles estão lá e buscando mudar tudo  aquilo em prol da sociedade. Ao final desse estudo de campo, serão elaborados mapas mostrando toda a diversidade da área pesquisada.

Desenvolver esse trabalho tem despendido muito esforço de toda equipe, além de tempo, muitas vezes foi necessário sacrificar o final de semana e requer também espírito de aventura. A região é muito acidentada com muitas trilhas, lagos, morros, várzeas, mata fechada e ribanceiras e tudo isso exige precauções como utilizar equipamentos de proteção e orientação  para não se perderem.

A Universidade dispõe todos esses equipamentos ao grupo como a filmadora e máquina fotográfica, o turbidímetro, para medir o teor de turbidez da água e o GPS, localizador digital de alta tecnologia, entre outros necessários para a pesquisa. A equipe também conta com a colaboração de professores de química e outros de geografia da UNICSUL e com estagiários de Biologia  da Subprefeitura de São Mateus e quando é necessário  da própria bióloga.

A subprefeitura  disponibiliza também o transporte para o grupo se deslocar da Faculdade até o local da pesquisa. Até o momento, quatro dos cinco rios em estudo já foram pesquisados com levantamentos preliminares, com coleta de  águas analisando seu ph, turbidez  e oxigênio dissolvido .Está sendo estabelecido  o grau de poluição desses rios a partir  100m de suas nascentes.

Ao final da pesquisa, todos esses estudos estarão num cd que ficará disponibilizado na subprefeitura de São Mateus. Segundo Vivian , no final do ano, esse estudo  será apresentado em todas as subprefeituras. “A idéia é deixar esse material disponível para estudantes, interessados em meio ambiente e público em geral, para daqui a dez ou vinte anos eles fazerem uma comparação da diferença do que era e como ficou a região”, declarou a professora. Além das cinco nascentes, os alunos mapearam os tipos de indústrias em atividade nas proximidades das margens do rio Aricanduva.

Esse trabalho poderá ser útil também para a própria comunidade local que apesar de estar tão perto da Natureza, desconhece toda sua riqueza e importância e acaba tornando-se uma forma de colaborar com estudos que vão contribuir para  a criação da  APA  Cabeceiras do Aricanduva proposta no Plano Diretor regional de São Mateus, com a finalidade  de  proteger e preservar a área e despertar para uma discussão daquela realidade envolta com  problemas sociais e políticos.