Parque do Piqueri mostra sua face

Curiosidades sobre o lugar chamam a atenção dos aventureiros que optam por conhecer o parque através do Projeto Trilhas Urbanas

"Meus bisavós eram tecelões. Descobri após muita pesquisa sobre a árvore genealógica e o histórico da minha família. Inclusive, durante a pesquisa, me deparei com uma matéria onde descobri que meus antepassados foram funcionários das Indústrias Reunidas Matarazzo. Achei o fato muito curioso, e ilustrativo para nosso trabalho". Com esta frase simbólica e representativa, a coordenadora do Projeto Trilhas Urbanas, Virgínia Talaveira Valentine Tristão, encerra a primeira parte de sua explicação sobre o histórico do parque, que foi adquirido pelo Conde de Matarazzo (1854-1937) - considerado como precursor da implantação dos grandes complexos industriais da cidade de São Paulo -, em 1927, para ser transformada em sua área de lazer. O próprio Conde foi quem nomeou o espaço originalmente como Chácara do Piqueri, denominação mantida parcialmente até hoje.

Outras curiosidades sobre o lugar chamam a atenção dos aventureiros que optam por conhecer o parque além da beleza de seu lago, flores e pássaros. Logo na entrada do parque é possível observar o gradil do portão de entrada que foi transferido do Parque da Luz para o Piqueri antes de sua inauguração. A alameda principal do parque é adornada com a espécie de árvore Sibipuruna (confira box abaixo), contrariando o que era de praxe na época do Brasil-Colônia. O Rio Tietê beirava o limite da chácara, inclusive, dentro do parque é possível visualizar o ancaradouro dos barcos onde os visitantes eram recepcionados. A atual administração do Parque do Piqueri era a casa do 'zelador' da Chácara do Piqueri.

"A forma como todo contexto é explicado é muito interessante. O conteúdo, misturado as dinâmicas de grupo, tornam o passeio proveitoso e descontraído. Fora que o fato de existir uma dinâmica, facilita também que se tenha um clima agradável durante todo o percurso, já que é possível a partir daí, comentar algo que você tenha gostado em particular com alguém, dar risada e aproveitar melhor a oportunidade", explica Natália Cavalheiro, estagiária de gestão ambiental.

"O que mais me chamou atenção foi a estrutura física do parque. Como sou de Campinas (SP) fiquei impressionado com a biodiversidade de espécies, principalmente, das árvores. O contra-senso de também existir um espaço como este numa cidade como São Paulo, me impressionou", conta Rafael Teodoro, educador de Ciências Sociais.

"Muito bacana o programa. Se pensarmos que conhecer o parque pode nos trazer tantas histórias bacanas, vamos querer conhecer todos os parques de São Paulo, e de outras cidades. Fora toda a visão sobre educação ambiental que também é muito interessante", diz Everton Cerqueira de Souza, estudante de educação ambiental.

O Parque do Piqueri inaugurado em 1968, já faz parte do dia-dia dos moradores dos distritos do Tatuapé, Água Rasa e Belém, entre outros, para a prática esportiva e de lazer, e agora oferece ainda as trilhas monitoradas. O Projeto Trilhas Urbanas é coordenado pela Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente desde junho de 2006. O programa conta hoje com oito funcionários, além de sua coordenação, que são responsáveis pelas trilhas monitoradas agendadas através do e-mail equipetrilhasurbanas@gmail.com. Informações junto a administração do Parque do Piqueri, rua Tuiuti, 515, Tatuapé, ou pelo telefone 2097-2213.


Sibipuruna

Originária da Mata Atlântica, a Sibipuruna é uma árvore que pode viver mais de 100 anos. Normalmente alcança uma altura média de 10 metros quando adulta, podendo atingir excepcionalmente até 15 metros. A sua floração ocorre durante a primavera, quando flores amarelas e perfumadas dispostas em densos cachos cônicos despontam acima da folhagem e atraem abelhas. É muito utilizada no paisagismo urbano em geral, sendo também indicada para projetos de reflorestamento pelo seu rápido crescimento e grande poder germinativo. Muita vezes é confundida com o pau-brasil devido à semelhança entre as suas folhas.